Espetáculo infantil reflete sobre a busca da felicidade


Créditos: Caique Pereira


Nos dias 27 e 28 de agosto, a Galeria Olido, em São Paulo, recebe o infantil “Um, Dois, Trem! Mergulhando em uma Aventura”, do coletivo teatral paulista Ciatreve. O espetáculo, que terá sessões gratuitas, reflete sobre a busca pela felicidade e a amizade, mostrando como as relações podem ser afetadas pela tecnologia e pelo imediatismo das redes – principalmente em um contexto pandêmico em que as crianças também passam por dificuldades para entender seus sentimentos e emoções.

Na história, a menina Amélia, que adora brincar em um trem que viaja para todos os cantos do mundo, conhece três pessoas muito diferentes: uma mergulhadora que busca uma solução para sua própria mãe voltar a ser feliz; a cientista Dra Félix, criadora de uma suposta fórmula da felicidade; e Ravena, uma mal humorada repórter (será repórter mesmo?). Juntas, elas entram nesse trem rumo ao Congresso Anual de Cientistas.

Créditos: Caique Pereira

A montagem usa o veículo como metáfora das passagens da vida, com seus altos e baixos. “Muitas crianças convivem com a ansiedade, principalmente depois de passarem por uma pandemia. Buscamos refletir sobre a necessidade de estarmos sempre perfeitos e felizes, algo também promovido pelas redes sociais”, explica Andrea Leopoldino, atriz do coletivo. A diretora da montagem, Paloma Rodrigues, completa: “Eles precisam saber que está tudo bem ficar chateado, frustrado. Somos mais do que isso”.

É o primeiro trabalho infantil do Ciatreve, coletivo independente que existe há sete anos e já passou por diversas formações. Atualmente, o grupo é composto pelas artistas Andrea Leopoldino, Kels Sousa, Leticia Vilela e Milena Lopes, que convidam colaboradores de acordo com os novos projetos, como no caso de Paloma Rodrigues. A diretora trabalhou recentemente com Carla Candiotto, artista reconhecida pela jornada no teatro para crianças. Paloma conta que utilizou recursos do teatro físico em alguns momentos da peça. “São entradas pontuais de fisicalidade e os objetos cênicos também nos ajudam muito a contar essa história de aventura”, explica.

Serviço

“Um, Dois, Trem! Mergulhando em uma Aventura”

Quando: dias 27 e 28 de agosto, às 16h

Onde: Galeria Olido (sala Paissandu) – Avenida São João, 473, centro. São Paulo/SP

Capacidade: 139 lugares

Classificação etária: a partir de 4 anos

Duração: 60 minutos

Quanto: Grátis (retirar ingressos no sympla

Após estreia em formato on-line, “AZÁFAMA; SUBSTANTIVO FEMININO” chega aos palcos em versão presencial


Créditos: Bob Sousa


Coletivo de artistas NOSSO PROJETO, em parceria com a SP Escola de Teatro, apresenta musical original de Bruno Narchi, AZÁFAMA; SUBSTANTIVO FEMININO, um dos seis musicais selecionados pelo Festival Paulista de Teatro Musical, em 2021.

O espetáculo, que fica em cartaz de 21 de junho a 27 de julho, flerta com a saga do herói clássico, mas a partir da perspectiva de uma heroína, mergulhada na história de muitas mulheres. Ao abordar mitos, tradições e costumes enraizados em nossa sociedade, que até hoje “assombram” o ser feminino, o espetáculo propõe uma discussão sobre essas definições impostas ao longo de tantos e tantos anos ao papel da mulher, e coloca em destaque o desprendimento daquilo que é dado como certo, e das difíceis escolhas que se fazem necessárias em prol de uma ruptura do que já está pré-estabelecido.

Com texto, letras e músicas de Bruno Narchi, arranjos vocais de Thiago Machado e Gui Leal, coreografias de Zuba Janaina, e arranjos instrumentais e orquestração de Gui Leal & Studio KUMKANI, o musical junta em cena nove atrizes – Letícia Soares ( Rosalina), Helena Lazarini ( Rosa Linda) , Juliana Bógus ( Destino / Caos), Larissa Carneiro ( Cloto, a Moira 01 / Chorona) , Pamella Machado ( Láquesis, a Moira 02 / Lilith), Thaís Piza (Átropos, a Moira 03 / Medeia), Leilane Teles ( Iansã) , Giovanna Moreira (Romeu) e Zuba Janaina ( Oxum) – todas figuras conhecidas dos nossos palcos, dentro da potente sala multifuncional da SP Escola de Teatro, localizada na Praça Roosevelt.

“Ao buscarmos uma possível casa para esta peça, procurávamos uma sala com novas possibilidades de encenação, um formato intimista e, acima de tudo, um local que favorecesse a imersão no espetáculo. A SP Escola de Teatro viria a oferecer exatamente isso. Após uma feliz conversa com Miguel Arcanjo, que intermediou esse encontro, eis aqui nosso AZÁFAMA, carregado pelo trabalho de nove atrizes fantásticas, com suas diferentes formações teatrais e experiências musicais, envoltas por um berço teatral onde podemos mesclar as potências e talentos desse elenco, e abrir novas portas ao público. Um teatro musicado cumprindo sua função social, e uma mensagem social guiada pelo entretenimento.” (Bruno Narchi)

Sobre o coletivo de artistas NOSSO PROJETO, esse surgiu a partir da ideia de um curso, ministrado por Bruno, Thiago Machado e Zuba Janaina. Um curso criado para estimular não só o lado artístico dos alunos, mas também criativo, empreendedor e administrativo. Uma forma de mostrar diferentes caminhos dentro do teatro: a produção independente, a formação de um grupo de artistas e a escrita autoral.

Créditos: Julianna Bettim

 

Além da peça DIÁLOGOS e SORRIA, ESSA PEÇA É UMA COMÉDIA, que já fizeram suas primeiras temporadas e tiveram 100% das casas esgotadas, o coletivo ainda conta com outros três textos musicais ainda inéditos, e segue na criação de novos projetos. Também vale destacar que, em 2021, AZÁFAMA e DIÁLOGOS foram dois dos musicais autorais brasileiros selecionados pelo primeiro Festival Paulista de Teatro Musical (FPTM).

FICHA TÉCNICA COMPLETA:
Texto, letras e músicas: Bruno Narchi
Arranjos instrumentais e orquestração: Gui Leal & Studio KUMKANI
Arranjos Vocais: Thiago Machado e Gui Leal
Direção Geral: Bruno Narchi
Direção Musical: Gui Leal e Thiago Machado
Coreografias: Zuba Janaina
Cenografia: Thiago Machado, Júlia Lacomb e Ágatha Perez
Cenotécnico: Jhonatta Moura
Figurinos: Hugo Zuba
Desenho de Luz: Bruno Narchi e Vini Hideki
Operação de Luz: Vini Hideki
Adereços: Bruno Narchi
Assistente de Produção: Nany Cristina
Assistentes de Direção: Julianna Bettim e Marjorie Joly
Realização: NOSSO PROJETO

SERVIÇO

AZÁFAMA; SUBSTANTIVO FEMININO
Sala Alberto Guzik (60 lugares) – SP Escola de Teatro, Unidade Roosevelt
Praça Franklin Roosevelt, 210 – Consolação
Terças e quartas-feiras, 20h30
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$30,00 (meia)
Vendas: www.sympla.com.br
Duração: 70 minutos
Recomendação: 12 anos
Temporada: de 21 de junho a 27 de julho

Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha conta com eventos especiais


Créditos: Divulgação


Grupos femininos negros da América Latina e Caribe se reuniram no 1º Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em 1992, quando destacaram os efeitos opressores do machismo e racismo, se organizando para combatê-los. Essa rede de mulheres lutou para que a ONU reconhecesse o dia 25 de julho como Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. E, desde 2014, no Brasil a data também marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola do século 18 que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão.

As consequências dos preconceitos e as condições da vida das mulheres negras dessas regiões serão analisadas e debatidas em programação especial das Fábricas de Culturas Jardim São Luís e Diadema, instituições da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciadas pela Poiesis.

Créditos: Divulgação

Fábrica de Cultura Jardim São Luís

Quantas mulheres rappers você ouve? Em 19 de julho, sexta-feira, das 15h às 17h, o Cine-curta da biblioteca exibirá diferentes curtas-metragens sobre a presença e abordagens delas no Rap. O intuito é debater sobre o cenário desse segmento musical, se o público presente conhece as representantes e se elas costumam abordar as questões de gêneros em suas canções ou não.

Para refletir sobre o porquê do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha ser celebrado, o Cine-curta do dia 25 de julho, quinta-feira, entre 15h e 17h, debaterá a representatividade, o racismo, o machismo, o feminicídio e a lesbofobia. A partir dos resultados do bate-papo, a equipe mediadora e o público desenvolverão um painel artístico a ser exposto na biblioteca, compartilhando as informações absorvidas na atividade como forma de espalhar a conscientização.

Para fechar o mês, no dia 30 de julho, terça-feira, das 10h30 às 12h30, a biblioteca vai incentivar que os/as participantes criem o próprio diário, aprendendo e aplicando técnicas básicas de encadernação artesanal pela atividade Meu Diário: Carolina. O exercício recebe esse nome justamente por trazer como referência o livro Quarto de despejo – Diário de uma favelada, traduzido em mais de 10 países. A obra é de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), escritora negra que apresentava relatos e o cotidiano periférico no qual viveu, contextos que marcaram e fizeram da sua escrita ser reconhecida internacionalmente.

Créditos: Divulgação

Fábrica de Cultura Diadema

Para destacar a importância do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, no próprio 25 de julho, das 15h às 17h, a Fábrica de Cultura Diadema convida Shirley Maia, do coletivo Diadenega, para a roda de conversa O Reconhecimento de Mim em Você. O objetivo é exercitar o reconhecimento e a identificação do ser mulher preta numa sociedade que ainda a desvaloriza e silencia em diversas situações. Especialista em História Africana e Africanidades, Shirley vai colaborar nesse reconhecimento por meio da ancestralidade e por trechos do livro Quando me descobri Negra, da jornalista Bianca Santana.

Já a biblioteca da unidade promoverá duas atividades relacionadas à data. A roda de conversa Raiz forte – cuidados com os cabelos crespos será em 23 de julho, terça-feira, das 15h às 17h. Alguns modos de cuidar do cabelo crespo serão apresentados e aplicados, desde o fortalecimento, o exercício da autoestima, a forte identificação que mantém com a memória e como ato de resistência ancestral.

Créditos: Divulgação

Inspirada nos trabalhos da artista visual e educadora negra Rosana Paulino, que trabalha com a costura como um dos meios para trazer luz à memória e simbolizar a repressão imposta à mulher negra, a oficina de Bordado criativo visa criar bordados a partir de fotografias em preto e branco. Buscará em fotos de mulheres afro latino-americanas e caribenhas alguns detalhes e traços como forma de homenageá-las. Essa atividade será no dia 24 de julho, quarta, entre 10h e 12h.

SERVIÇO:

Fábrica de Cultura Jardim São Luís

Cine-curta com equipe da biblioteca

19/7, sexta-feira, 15h às 17h

Curtas mostrarão como se dá a presença das mulheres no Rap.

Classificação indicativa: maiores de 11 anos
30 vagas

25/7, quinta-feira, 15h às 17h

Curtas relacionados ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

Classificação indicativa: maiores de 12 anos
15 vagas

Meu diário: Carolina – com equipe da biblioteca

30/7, terça-feira, 10h30 às 12h30
A atividade abrirá espaço para que os participantes criem o próprio diário, incluindo a encadernação artesanal e com o objeto de resultar em livro-caderno-diário. O livro Quarto de despejo – Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, funcionará como guia quanto à escrita poética.

Classificação indicativa: maiores de 9 anos

15 vagas

Fábrica de Cultura Diadema

O reconhecimento de mim em você

25/7, quinta-feira, 15h às 17h

Roda de conversa com Shirley Maia, do coletivo Diadenega, para refletir a representatividade e ancestralidade da mulher negra.

Classificação indicativa: livre

Biblioteca:

Raiz forte – cuidados com os cabelos crespos

23/7, terça-feira, 15h às 17h

Roda de conversa com coordenação da equipe da biblioteca, onde serão apresentadas as práticas para cuidar dos diversos tipos de cabelo crespo, ato que também firma a resistência ancestral.
30 vagas

Classificação indicativa: livre

Oficina de Bordado criativo

24/7, quarta-feira, 10h às 12h

Também aplicada pela equipe da biblioteca, essa oficina tem o objetivo de criar detalhes em bordados para homenagear as mulheres negras latino-americanas e caribenhas.

25 vagas

Classificação indicativa: livre

*Todas as atividades são gratuitas e sem necessidade de inscrição prévia.

Fábrica de Cultura Jardim São Luís

Rua Antônio Ramos Rosa, 651 – Jd. São Luís

Telefone: (11) 5510-5530

Fábrica de Cultura Diadema

Rua Vereador Gustavo Sonnewend Netto, 135 – Centro – Diadema/SP

Telefone: (11) 4061-3180

Funcionamento das unidades: de terça a sexta-feira, das 9h às 20h, e finais de semana e feriados das 12h às 17h

www.fabricasdecultura.org.br

CCBB São Paulo inaugura a exposição Vaivém com mais de 300 obras dos séculos 16 ao 21


Créditos: Divulgação / CCBB


O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo inaugura nesta quarta-feira (22) a exposição Vaivém, apresentando as redes de dormir nas artes e na cultura visual no Brasil. Com mais de 300 obras dos séculos 16 ao 21 e a participação de 141 artistas – entre eles, 32 indígenas –, a mostra tem curadoria de Raphael Fonseca, crítico, historiador da arte e curador do MAC-Niterói.

“Longe de reforçar os estereótipos da tropicalidade, esta exposição investiga as origens das redes e suas representações iconográficas: ao revisitar o passado conseguimos compreender como um fazer ancestral criado pelos povos ameríndios foi apropriado pelos europeus e, mais de cinco séculos após a invasão das Américas, ocupa um lugar de destaque no panteão que constitui a noção de uma identidade brasileira”, afirma o curador, que pesquisou o tema por mais de quatro anos para sua tese de doutorado em uma universidade pública.

Créditos: Divulgação / CCBB

Com pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos, documentos, intervenções e performances, além de objetos de cultura visual, como HQs e selos, Vaivém ocupa todos os espaços expositivos do CCBB São Paulo, do subsolo ao quarto andar, e está estruturada em seis núcleos temáticos e transhistóricos.

PERCORRENDO A EXPOSIÇÃO

Vaivém tem início com Resistências e permanências, que é apresentado no subsolo do edifício e mostra as redes como símbolo e objeto onipresente da cultura dos povos originários do Brasil. “Mesmo com séculos de colonização e até com as recentes crises políticas quanto aos direitos indígenas, elas se perpetuaram como uma das muitas tecnologias ameríndias”, diz Fonseca.

Neste núcleo, a maioria das obras é produzida por artistas contemporâneos indígenas, como Arissana Pataxó. No vídeo inédito Rede de Tucum, ela documenta Takwara Pataxó, a Dona Nega, única mulher da Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro (BA), que ainda guarda o conhecimento sobre a produção das antigas redes de dormir Pataxó, feitas com fibras extraídas das folhas da palmeira Tucum.

Carmézia Emiliano começou a pintar de maneira autodidata em Roraima. Se tornou conhecida por telas que registram o cotidiano dos indígenas Macuxi, muitas protagonizadas por mulheres, e terá expostas pinturas feitas especialmente para o projeto, além de obras mais antigas. Também da etnia Macuxi, Jaider Esbell criou para a mostra a instalação A capitiana conta a nossa história. A uma rede de couro de boi estão presos um texto de autoria do artista e uma publicação com documentos sobre as discussões em torno das áreas indígenas de seu estado.

Créditos: Divulgação / CCBB

Outro destaque é Yermollay Caripoune, que, vivendo na região do Oiapoque, entre a aldeia e a cidade, participou de poucas exposições fora do Amapá. Na série de seis desenhos que desenvolveu para Vaivém, o artista apresenta a narrativa dos Karipuna sobre a origem das redes de dormir.

O núcleo reúne ainda trabalhos de grandes nomes da arte brasileira, como fotografias dos artistas e ativistas das causas indígenas Bené Fonteles e Cláudia Andujar, e o objeto de Bispo do Rosário Rede de Socorro, uma pequena rede de tecido onde se lê o título da obra.

O segundo núcleo da exposição, A rede como escultura, a escultura como rede, tem trabalhos que mostram redes de dormir a partir da linguagem escultórica e que estão distribuídos por diferentes espaços do CCBB São Paulo, a começar pelo hall de entrada. Rede Social é uma instalação interativa do coletivo Opavivará!, com uma rede gigante que convida o público a se deitar e balançar ao som de chocalhos.

Estão neste núcleo trabalhos do jovem artista Gustavo Caboco, de Curitiba e filho de mãe indígena, e Sallissa Rosa, nascida em Goiânia e filha de pai indígena. Ele apresenta uma série de gravuras em que discute seu pertencimento e não-pertencimento às culturas ameríndias no Brasil. Ela, um vídeo criado a partir de selfies enviadas por mulheres em redes de dormir, que revela uma visão complexa sobre o lugar da mulher indígena na sociedade contemporânea brasileira.

Créditos: Divulgação / CCBB

No segundo andar do edifício estão dois núcleos. Olhar para o outro, olhar para si traz documentos e trabalhos de artistas históricos e viajantes, como Hans Staden, Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas, que registraram os aspectos da vida no Brasil durante a colonização. Ao lado deles, artistas contemporâneos indígenas foram convidados a desconstruir o olhar eurocêntrico dessas imagens a respeito de seus antepassados e propor novas narrativas.

Entre eles, dois do Amazonas: a pintora Duhigó Tukano, que apresenta a inédita acrílica Nepũ Arquepũ (Rede Macaco), sobre o ritual de nascimento de um bebê Tukano, e Dhiani Pa’saro, ainda pouco conhecido fora de seu estado natal, que expõe a marchetaria Wũnũ Phunô (Rede Preguiça), composta por 33 tipos de madeira e inspirada em duas variações de grafismos indígenas: o “casco de besouro” (Wanano) e o “asa de borboleta” (Ticuna).

O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), do Acré, criou para o CCBB São Paulo uma pintura mural que faz referência ao canto Yube Nawa Aibu, entoado para trazer força e abrir os caminhos em cerimônias tradicionais. Já Denilson Baniwá, nascido no Amazonas e residente no Rio de Janeiro, fez intervenções digitais e físicas sobre obras de artistas brancos que retrataram povos indígenas.

Créditos: Divulgação / CCBB

Em Disseminações: entre o público e o privado as redes surgem em atividades do cotidiano do Brasil colonial, como mobiliário, meio de transporte e práticas funerárias. Um dos destaques é Dalton Paula, artista afro-brasileiro de Goiás, que lança em suas pinturas um olhar sobre as narrativas a respeito da negritude no Brasil desde a colonização.

Os lugares que as redes ocupam na vida contemporânea no Brasil, em especial na região Norte, também estão pontuados nesse núcleo. Fotografias de Luiz Braga, por exemplo, exibem redes de dormir em cenas do dia-a-dia no Pará.

No terceiro andar do CCBB São Paulo, Modernidades: espaços para a preguiça, a rede passa a ser associada à preguiça, à estafa e ao descanso decorrentes do encontro entre o trabalho braçal e o calor tropical. O ponto central é ocupado por “Macunaíma” (1929), livro de Mário de Andrade. O personagem que passa grande parte da história deitado em uma rede está em obras de diferentes linguagens.

Carybé foi o primeiro artista a fazer ilustrações de Macunaíma. Um desenho pouco exibido de Tarsila do Amaral mostra o Batizado de Macunaíma. Joaquim Pedro de Andrade dirigiu o longa-metragem que, estrelado por Grande Otelo, completa 50 anos em 2019, e os cartunistas Angelo Abu e Dan X adaptaram a história em quadrinhos.

Créditos: Jaime Portas VilaSeca

No quarto andar está o núcleo Invenções do Nordeste. Nele foram reunidas obras que transformam em imagens mitos a respeito da relação entre as redes e esta região do país, além de trabalhos em que elas surgem como símbolo de orgulho local e de sua potente indústria têxtil. Destaque para uma série de fotografias de Maurren Bisilliat pelo sertão nordestino e as cerâmicas de Mestre Vitalino que retratam grupos de pessoas enterrando entes dentro de redes.

Também no último andar do edifício, uma homenagem a Tunga. O artista que inaugurou o CCBB São Paulo, em abril de 2001, retorna à instituição 18 anos depois. A instalação Bells Falls ganha uma nova versão e é apresentada ao lado dos registros fotográficos da performance “100 Rede”, realizada em 1997 na Avenida Paulista.

Créditos: Luiz Ribeiro

Vaivém fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo até 29 de julho. A exposição será também exibida nos CCBB de Brasília (setembro/2019), Rio de Janeiro (dezembro/2019) e Belo Horizonte (março/2020).

Serviço

Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Período da visitação: 22 de maio a 29 de julho de 2019 – Entrada gratuita
Horário: Todos os dias, das 9h às 21h, exceto terças
Telefone: (11) 3113-3651
Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja
Clientes do Banco do Brasil têm 10% de desconto com Cartão Ourocard na cafeteria, restaurante e loja

Estacionamento conveniado: Estapar Rua Santo Amaro, 272
Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô
Valor: R$ 15 pelo período de 5 horas
É necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB
ccbbsp@bb.com.br | bb.com.br/cultura| twitter.com/ccbb_sp | facebook.com/ccbbsp | instagram.com/ccbbsp

Espetáculo imersivo Distopia Brasil volta em cartaz na Funarte SP


Créditos: José de Holanda


Montagem do Núcleo do Pequeno Ato, o espetáculo Distopia Brasil reestreia na Funarte SP, no dia 18 de maio, sábado, às 19h, com entrada franca integrando a programação da Virada Cultural. A temporada segue até 9 de junho, aos sábados e domingos, às 19h, com ingressos a R$20 e R$10 (meia entrada). É o terceiro trabalho do coletivo – depois dos premiados Fortes Batidas e 11 Selvagens.

Com direção de Pedro Granato, a montagem surgiu de um processo criativo colaborativo, no qual o núcleo se debruçou sobre distopias clássicas e contemporâneas, como 1984, Fahrenheit 451, Handmaid’s Tale, Blade Runner, Matrix, Laranja Mecânica, Admirável Mundo Novo, Black Mirror, Ensaio sobre a Cegueira e V de Vingança.

Créditos: José de Holanda

“Sinto que vivemos a Era de Ouro das distopias, pois muita gente tem consumido e revisitado livros clássicos desse gênero. Entretanto, temos quase sempre uma perspectiva e uma cultura vindas de fora. É difícil entender uma distopia sobre controle absoluto em um Brasil no qual o Estado é cronicamente incompetente; ou sobre o tratamento desumano, pois muitos cidadãos já vivem isso em seu cotidiano graças ao nosso passado escravocrata e com subemprego”, comenta o diretor Pedro Granato, sobre os motivos para criar essa crítica da realidade brasileira.

A ideia era partir dessas obras para criar uma reflexão sobre como seria um futuro sombrio do país se os seus problemas atuais se agravassem. “Quando começamos esse processo, não imaginávamos que o Brasil se deterioraria tão rápido; sabíamos apenas que a situação do país ficaria violenta. O teatro segue na sua profunda impotência diante do macro; o que pretendemos fazer é atuar na escala individual. Que o espectador consiga por um instante entrar em contato com o que pode acontecer e reagir a isso. Pensando nos princípios de Augusto Boal, não trabalhamos com o espectador passivo, que é um mero consumidor daquilo que o agrada ou não. Aqui ele é um agente, tem que responder às provocações e sentir-se impelido a reagir”, explica Granato.

Créditos: José de Holanda

As principais questões sociopolíticas escolhidas para discussão foram: a intervenção militar no Estado, manifestada nas forças de pacificação do exército no Rio de Janeiro, que controlam e ficham os moradores das comunidades periféricas; o avanço do Estado Religioso, representado pelo crescimento da bancada BBB (boi, bíblia e bala) no congresso; o controle e fim da privacidade, que ficaram evidentes nos recentes grampos norte-americanos para políticos brasileiros e na vigilância dos cidadãos comuns exercida pelas novas tecnologias e mídias sociais; e os desastres ambientais, como a crise hídrica que tem ameaçado os reservatórios de água de São Paulo nos últimos anos. Também foram investigados grupos atuais de resistência para tentar imaginar como seria a luta contra esse regime totalitário proposto.

Assim como as peças anteriores do coletivo, Distopia Brasil propõe uma experiência imersiva ao espectador, arrastando-o para dentro da cena. Na entrada, por exemplo, a plateia deve responder perguntas dos interventores e será acomodada em bancos como se estivesse na igreja – ou na fila de espera por um serviço estatal burocrático. Além disso, todos são filmados o tempo todo, participam dos ritos da República Teocrática do Brasil, aplaudem o discurso do líder, rezam e participam do julgamento de um casal de meninas que tentou esconder sua relação para conseguir um visto de saída do país.

“Não queríamos fazer um espetáculo discursivo em um país que já está saturado de opiniões e ideias; achamos muito mais interessante fazer uma distopia da qual todos fariam parte. Ou seja, a plateia pode experimentar um pouco o que é um procedimento ditatorial, uma intervenção militar e você ser controlado. Gostaríamos que a plateia sentisse essa experiência – que envolve a angústia e o constrangimento – para entender o real perigo dos discursos radicais que estão ganhando cada vez mais força no país”, comenta.

Créditos: José de Holanda

Para o núcleo, o futuro do Brasil se parece muito com uma mistura do passado e do presente do país, nos quais a justiça é mesclada com a moral religiosa, a escravidão, o machismo e a homofobia são traços marcantes da sociedade e poucos conseguem romper o conforto da passividade. “Começamos a pensar em um futuro para o Brasil e percebemos que os tempos que virão estarão imersos no retorno de coisas horríveis que já aconteceram e de feridas adormecidas. A História não é uma evolução contínua, mas um ciclo de recuos e avanços. Vivemos um momento em que se defende o autoritarismo, a catequização, o preconceito e a perda de salários e direitos trabalhistas. Temos uma ótica medieval e obscurantista sendo retomada, na qual há luta do bem contra o mal e inimigos a serem linchados”, acrescenta.

Ao contrário das distopias clássicas, que trabalham com a ideia de um Estado com avanços tecnológicos inimagináveis, o espetáculo procura focar na face humana da questão. ”Ao invés do progresso da ciência, temos o retorno de uma narrativa religiosa maniqueísta e fantasiosa. Ao mesmo tempo, também trazemos quais são os perigos tecnológicos. A peça não trabalha com iluminação teatral, mas com fontes de luz alternativas e manuais, equipamentos celulares e pequenas câmeras. Com isso, queremos mostrar que essa distopia não está tão distante assim da nossa realidade”, esclarece o diretor.

Serviço

DISTOPIA BRASIL

Duração: 90 minutos. Classificação: 12 anos.

Reestreia dia 18 de maio, sábado, às 19h – Ingressos grátis.

Temporada: Até 9 de junho. Sábados e domingos, às 19h.

Ingressos: R$20,00 e R$10,00 (meia entrada).

FUNARTE – Sala Arquimedes Ribeiro – Alameda Nothmann, 1058 – Campos Elíseos.

Capacidade: 70 lugares.

Mirante 9 de Julho anuncia Carnaval Latino


Créditos: Divulgação


O Mirante 09 de Julho recebe mais uma vez o Carnaval Latino, festa idealizada pela jornalista e DJ Flávia Durante e com realização do Cena Pop. O evento tem entrada gratuita e acontece no dia 02 de março, das 15h às 21h, com o melhor da música latina para agitar a pista de dança.

Além da presença de Flávia Durante nas pick-ups, o Carnaval Latino conta com a DJ brasileira Carolina Ribeiro e o DJ boliviano Pancho Valdez. Para que ninguém fique de fora da festa, o coletivo colombiano Prende La Vela ensinará passos de dança tipicamente latinos durante sua apresentação. Quem chegar primeiro entre as 15h e as 16h ainda poderá ganhar maquiagem carnavalesca gratuita feita pela beauty artist Jéssica Justino.

Créditos: Divulgação

Serviço:

Carnaval Latino no Mirante

Quando: 2 de março, sábado, das 15h às 21h

Onde: Mirante 9 de Julho – Rua Carlos Comenale, s/n – Bela Vista – São Paulo/SP

Quanto: entrada gratuita

Evento: https://www.facebook.com/events/2288172454771781/

Programação:

15h às 17h – Flávia Durante (Brasil)

17h às 19h – Brazook (Brasil)

19 às 21h – Pancho Valdez (Bolìvia)

Entradas do Prende La Vela: 15h, 17h e 19h