Ator brasileiro, que vive o personagem Jean Valjean junto com Daniel Diges, fala de sua rotina, do sucesso e de sua carreira
Por Andréia Bueno
São 12 anos trabalhando em papéis de grande importância em musicais como My Fair Lady, Evita, Cats e Wicked. Toda essa experiência preparou Leonardo Wagner, de 33 anos, para o desafio de viver o personagem Jean Valjean na montagem mexicana do clássico dos musicais, “Les Misérables”. Wagner, que é paulista, mas mora no Rio desde 2012, já havia dado vida ao personagem no Brasil e foi convidado pelo produtor Morris Guilbert para encená-lo no México.
– O produtor Morris Guilbert estava no Brasil em junho do ano passado, já preparando a produção para o México, e assistiu uma sessão comigo de Jean Valjean. Daí surgiu o convite, precisei gravar um vídeo para o diretor, que seria outro, conhecer o meu trabalho e aí me convidaram – completa Leonardo.
Foto: Gilda Villarreal
O ator, apesar de ter feito muitos musicais, sendo a maioria da Broadway e com diretores internacionais, nunca cogitou a ideia de fazer um espetáculo fora do Brasil.
– Foi, e está sendo, o meu maior desafio. Como o musical já era um “velho conhecido”, eu pude focar desde o primeiro dia em aprender o espanhol. Tenho feito aulas de gramática e de fonética para neutralizar o acento, isso tem sido muito positivo. Desde a minha estreia nunca tive uma crítica negativa com relação ao sotaque e isso me deixa muito feliz – diz o ator.
“Les Misérables” está em cartaz desde março e fica até dezembro na cidade do México. Leonardo está lá desde o final de janeiro. A montagem já registra números que evidenciam o sucesso: em quatro meses de temporada, são mais de 100 apresentações e um público superior a 100 mil espectadores.
Ele alterna o protagonismo com o ator espanhol Daniel Diges, que viveu Jean Valjean na montagem brasileira. Aqui, Leonardo Wagner era só cover, porém a produção viu que ele poderia ser ensemble e alternante na versão mexicana e agora ele faz, pelo menos, uma vez por semana o musical no México como Valjean.
– A parte mais difícil da experiência, sem dúvida, é a saudade do meu marido, da minha família, do meu cachorro, do açaí (risos), da rotina aí no Brasil, mas eu tenho muita sorte, pois as coisas aqui, desde a produção até os colegas de elenco, além da cultura mexicana, têm me ajudado muito na adaptação. Tudo tem sido incrível, tenho aprendido muito, aproveitando para conhecer ao máximo o país, sua cultura, seus costumes. Tem sido enriquecedor e tem ajudado a superar os momentos onde a saudade aperta – diz Wagner.
Foto: Gilda Villarreal
Apesar da saudade, ele tem se sentido em casa no México, que diz ser uma “dimensão paralela do Brasil”.
– É um pais naturalmente rico, apesar dos políticos daqui serem parecidos com os nossos. Uma capital gigante (Cidade do México, Distrito Federal) que é onde vivo e que lembra muito São Paulo, o clima doido, como na capital paulista, as riquezas das praias de Cancún, exuberantes até para um “semicarioca” como eu (risos), uma gastronomia riquíssima, (picante, muito picante, mas deliciosa) e um povo extremamente caloroso, como os brasileiros. Então me sinto em casa, de verdade – ressalta.
O ator também tem encontrado tempo para outros trabalhos no México. Além de campanha para uma loja de departamento, fez publicidade para a Televisa, maior emissora de televisão do país, algo que no Brasil ele nunca havia feito. Além disso, Léo também é professor de canto. Ele afirma que sente saudades de dar aulas, algo que faz há mais de 15 anos.
Foto: Gilda Villarreal
– Amo dar aula, tenho até planos de fazer isso aqui, mas ainda não me sinto confiante pelo idioma, não quero começar antes de estar 100%. Tenho aproveitado para estudar e pesquisar muito sobre as questões da língua, que, para mim, tem sido ainda mais fácil que o português para cantar. Porém toda semana sempre falo com algum aluno do Brasil, dou dicas, escuto áudio cantando. De verdade, sinto saudades de dar aula – ressalta o professor.
Oficialmente, a temporada do musical se encerra em dezembro, mas, graças ao sucesso, pode ser prorrogada. “Seria bom. Isso me dá mais tempo para trabalhar no idioma e, quem sabe, tentar outras coisas por aqui”, completa Leonardo Wagner.