Velson D’Souza canta, dança e atua, mas quase seguiu a carreira de atleta de futebol. Mas sua paixão pelas artes o levou a outro caminho e hoje, com mais de 40 trabalhos em seu currículo, interpreta um dos mais importantes comunicadores e empresários do Brasil: Silvio Santos, no musical “Silvio Santos Vem Aí – O Musical”, que homenageia o artista e toda a sua trajetória. Conversamos com Velson sobre o trabalho atual, além dos papéis de sua carreira e você confere a seguir!
Acesso Cultural: Você está vivendo o protagonista, um dos principais nomes da comunicação, Silvio Santos, no musical “Silvio Santos Vem Aí”. Qual foi a forma encontrada por você, de diferenciar-se e não cair no lugar-comum de ser apenas um imitador de Silvio Santos, que também é um dos nomes mais imitados do nosso país?
Velson D’Souza: Eu acho que o mais importante foi encarar o personagem da maneira como encaro qualquer outro que faço. O mesmo tipo de estudo, dissecando cena a cena, observando a trajetória do personagem no período contado pelo espetáculo, enfim, fazendo o trabalho de ator que devemos fazer quando somos presenteados com a oportunidade de interpretar um personagem. Claro que tem vários fatores que diferenciam este papel de outros, a responsabilidade é maior, é uma pessoa muito conhecida, muito imitada, simplesmente o maior comunicador do país. Porém, ao abordar um papel, eu me permito mergulhar no seu interior, no interno do personagem, e sair um pouco do externo, da parte física dele. Ficar na parte externa seria ficar na caricatura e imitação. Eu apenas confiei que a parte externa eu já dominava de certa forma, mas também não negligencia ela. Estudei bastante o gestual e tudo mais. Foquei em dar mais importância, a princípio, para a parte interna do personagem. Pois no final das contas, todo personagem é um equilíbrio de seu exterior e interior.
AC: Qual foi o seu maior aprendizado trabalhando e morando fora do país?
VS: É muito difícil resumir tudo a uma coisa. Acho que aprendi muita coisa morando fora. A maior de todas foi ter me encontrado como artista, ter mergulhado num estudo muito profundo de quem eu sou e de minhas ferramentas de trabalho. Isso me abriu muito como ator e como pessoa também, me tornou mais sensível e vulnerável, no bom sentido. Acredito que a experiência de morar tantos anos fora, ter contato com uma cultura muito diferente da que eu estava acostumado, me tornou uma pessoa melhor, mais aberta a tudo.
AC: Você acha que existe alguma semelhança entre a preparação para a carreira esportiva, que quase foi a sua escolhida, e a artística?
VS: A disciplina e a instabilidade (haha). Acredito que, pra tudo na vida, se você não é disciplinado, você não consegue atingir seus objetivos, ou melhor ainda, excede-los. Tanto para um atleta quanto para um ator, quanto mais disciplina você tiver no estudo melhores serão os resultados. A única questão é que para ambas as carreiras o artista e o atleta não dependem somente de si. Aí vejo a outra semelhança: a instabilidade. São carreiras muito instáveis, e que não dependem somente de nós. Dependemos sempre de alguém que acredite em nosso trabalho e nos dê a oportunidade. Por isso é importante ser disciplinado para estar preparado quando essa oportunidade aparecer. Até porque hoje estamos empregados em um espetáculo ou tv/filme, amanhã acaba o contrato e temos que buscar novamente novas oportunidades. Assim como no esporte. Nas duas carreiras, aqueles que alcançam seus objetivos são aqueles que não desistem nunca, e que seguem disciplinados. Isso serve para toda carreira na verdade, mas é muito presente na esportiva e artística.
AC: Você está interpretando uma figura que, talvez seja o sonho de muitos atores também fazerem, pela referência que Silvio Santos representa. Existe mais algum artista que você sonhe interpretar (seja no palco, cinema ou TV)?
VS: Sabe o que é muito interessante? Eu nunca, em milhões de anos, imaginei que estaria interpretando o Silvio Santos profissionalmente. Tem sido uma honra com certeza, e acima de tudo, um prazer imenso poder prestar essa homenagem. Eu acho que não há nenhuma pessoa ou artista que eu tenha um sonho em interpretar, mas sim alguns personagens do teatro. Tenho o sonho de interpretar Biff em “A Morte de um Caixeiro Viajante”, de Arthur Miller, pois tenho uma conexão muito grande com esse texto e com esse personagem. Tenho também como sonho trabalhar com o Eduardo Tolentino e o Grupo Tapa, sempre admirei muito o trabalho deles e foi assistindo uma peça de teatro deles que me fez interessar em ser ator.
AC: Dos seus mais de 40 trabalhos no currículo, existe algum que foi mais especial para você? Se sim, conte qual e por quê.
VS: Impossível escolher um. Posso citar alguns por razões diferentes: “Avoar” foi um espetáculo muito importante na minha vida pois criei uma família ali, além de ter sido o primeiro trabalho grande. “Bate Papo” da Cia Arthur-Arnaldo foi muito especial pois o espetáculo trata de um tema muito importante e tinha um apelo social muito grande, além de ter sido minha primeira indicação a um Prêmio de Teatro. Os espetáculos da Cia da Revista “Clássicos para Menores” foram fundamentais para meu crescimento como ator, pois abordamos textos clássicos e diversos estilos, incluindo farsa e comédia dell’arte. Eu sempre vou escolher o trabalho do momento como o mais importante da vida, mas já posso adiantar que mesmo que me pergunte daqui 10 anos, eu vou dizer que o trabalho mais importante foi “Silvio Santos Vem Aí” por tudo o que representa, e por me trazer de volta ao teatro Brasileiro.
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