Por Rodrigo Bueno
Com direção de Jorge Takla, Marília Gabriela estreia nesta sexta-feira (06) a peça ‘Vanya e Sonia e Masha e Spike‘, no teatro FAAP, em São Paulo.
Foto: Jairo Goldflus
A jornalista concedeu entrevista exclusiva para o Acesso Cultural, e nos contou sobre o seu retorno no mundo teatral, e sobre sua personagem Masha. Confira, está imperdível!
AC: Como é seu personagem?
MG: Sou a Masha do título, a irmã de Vanya, do fantástico Elias Andreato, e de Sonia, da maravilhosa Patricia Gasppar. Sou a irmã que foi embora e virou atriz de cinema, e volta para uma visita trazendo o namorado, o Spike, deliciosa personagem de Bruno Narchi. Ainda temos a Cassandra da sensacional Teca Pereira, e a belezura da Bianca Tadini, divina fazendo a Nina. Minha visita e seus motivos provocam a catarse familiar que se vê em cena.
AC: Quais semelhanças tem Masha e Marília Gabriela?
MG: Muitas, muitíssimas, duas mulheres driblando crise existencial, ativas, vivazes, redescobrindo e priorizando valores como a auto-aceitação e os laços familiares. Mas me identifico com todas as personagens em cena nesta peça e em todas as outras questões. Sou múltipla.
Foto: João Caldas
AC: O que te chamou mais atenção na peça?
MG: Sua excelência, para começar. Não foi à toa que seu autor, Christopher Durang, recebeu o Tony, prêmio máximo do teatro americano, em 2013. Nada se perde nela, nenhum riso, nenhuma personagem (seis), nada, nessa criação perfeita e inspirada. Um momento especial em que temas tão comuns a todos, dramas familiares tão presentes em Tchekhov (os nomes são de personagens de suas peças), são colocados de forma hilária e cativante, sem que seja necessário ser um conhecedor do autor russo. Puro deleite.
AC: Por que você se envolveu com o projeto?
MG: Quando Jorge Takla me convidou, esse profissional que respeito e admiro, tive um momento de hesitação, pois estava envolvida em outro projeto. Jorge elegantemente disse que não era para logo e sugeriu que eu lesse a peça, o danado. Me mandou o texto por e-mail rapidinho, e eu, enxugando as lágrimas das gargalhadas que soltei desde o primeiro parágrafo até o final, liguei e disse para ele ; “sou sua! “.
Foto: João Caldas
AC: Tem lido ou já leu textos do Tchecov? Quais?
MG: Já li e, no momento, releio algumas de suas peças mais famosas: Ivanon, As Três Irmãs, o Jardim Das Cerejeiras, Vanya, A Gaivota. E tem o que li, há mais tempo, “A Dama do Cachorrinho” da editora 34, uma coletânea de 36 de seus melhores contos, com tradução de Boris Schnaiderman. Lindo!
AC: O que você acha da diferença de idade nos relacionamentos amorosos?
MG: Revigorante? Tonificante? Interessante? Sei lá, amor é amor. Quando existe a diferença de idade acho que há maior cumplicidade, paixão e coragem envolvidos, já que a sociedade sempre questiona uniões entre mulheres mais velhas com homens mais jovens, mas nunca o contrário. Há que ser forte pra agüentar.
AC: Quais gêneros (drama, comédia, musical) você tem mais desenvoltura? Qual o maior desafio?
MG: O próximo? Sou movida a desafios, não me venham com facilidades.
Foto: João Caldas
AC: Como está sendo voltar para os palcos?
MG: Ando inquieta, agitada, apreensiva, feliz, encantada, enfim, do jeitinho que sempre ficamos às vésperas de um evento muito importante e esperado em nossas vidas.
AC: Qual é a sua ligação com o teatro?
MG: Desde a primeira vez que assisti a uma montagem profissional de teatro, na adolescência em Ribeirão Preto, Raul Cortez no palco com Zoo Story de Edward Albee, sabia que essa seria uma ligação indispensável em minha vida, que eu estava diante de um lugar sagrado onde discute-se, expõe-se a vida em suas indagações e buscas, em todo seu ridículo e dramático, em tudo que é real de fato e que no geral deixamos “passar batido” apesar do nó na garganta.
Veja o convite de Marília Gabriela aos nossos leitores!