O espetáculo “Segredo de Justiça”, baseado no livro homônimo da juíza Andréa Pachá, estreou no ano de 2019 no Teatro SESC Ginástico e agora, com as casas de espetáculos fechadas, ganha uma versão on-line, através da plataforma Zoom.
Nele, os personagens das crônicas do livro, lançado em 2014, ganham profundidade e provocam a reflexão por parte da plateia, que, de forma interativa, opina sobre o que faria no lugar da autora, em um debate juntamente com atores após as encenações.
Cada um em sua casa, os atores Alexandre Barros, Carmen Frenzel, Fabianna de Mello e Souza e Milton Filho interpretam personagens que trazem à tona questões como casamento, divórcio, guarda compartilhada, além das separações problemáticas entre casais, comuns no cotidiano de cada um de nós. Utilizando-se de objetos de cena próprios, os atores causam identificação, provocam risadas e fazem refletir sobre o que cada cena quer dizer.
Para a versão on-line, os consagrados diretores Marco André Nunes e Isabella Raposo buscaram novas possibilidades de encenar o espetáculo, inserindo a realidade da internet no produto feito inicialmente nos palcos físicos. Pode-se dizer que conseguiram, com maestria, fazer as cenas fluírem de maneira a entreter o público, através de diferentes ângulos de câmera, música e luzes.
Se você perdeu, o espetáculo “Segredo de Justiça” ainda terá exibições através do Zoom até o dia 04 de outubro.
Serviço: “Segredo de Justiça” Quando: sábado, 3 de outubro, 21:30; domingo, 4 de outubro, 18h. Onde: Plataforma on-line Zoom Ingressos: Sympla
Após quase 30 anos no Théâtre du Soleil, a atriz Juliana Carneiro da Cunha desejava retornar aos palcos nacionais e trazer toda a bagagem e o processo de criação da renomada companhia francesa. Com o auxílio de Fabianna de Mello e Souza e Julia Carrera, ela convidou Ariane Mnouchkine – fundadora e líder do grupo desde 1964 – para assumir a empreitada brasileira.
A ideia inicial da encenadora foi montar a peça inspirada em ‘Les belle-soeurs’ obra do dramaturgo canadense Michel Tremblay escrita em 1965 e considerada o primeiro drama quebequense, pelo fato de o texto utilizar o joual, dialeto usado pela classe trabalhadora da cidade. Após virar um ícone e ser traduzido em mais de 25 idiomas, ele chega ao Brasil na versão musical do diretor francês René Richard Cyr. Desta maneira, o projeto marca a confluência de uma dramaturgia canadense com encenação francesa e equipe brasileira.
‘A peça foi uma bomba política, no sentido positivo. Ela revolucionou o teatro e a situação das mulheres no Canadá. Tremblay escreveu um texto terrível e, no fundo, extremamente feminista’, analisa Ariane, que escolheu o texto por acreditar em sua correspondência com a situação brasileira atual.
A ação acompanha um dia na vida de Germana, moradora de um bairro periférico que ganha um milhão de selos premiados e reúne amigas e familiares para colar os selos e conversar. Com o passar da tarde, diversas situações dramáticas se desenrolam e têm como pano de fundo questões contemporâneas, como opressão, repressão e desvalorização da mulher, além de falar sobre os desejos e frustrações da classe média.
Ariane ressalta ser fiel à concepção de Richard: ‘Quando vi em Paris, chorei de rir e também chorei de verdade. Então, eu não tenho motivo para mexer nisso. Portanto, seguiremos uma espécie de livro-modelo, como Brecht fazia com suas peças. Remontei a peça tal como Tremblay e Richard a escreveram e encenaram’, conta a diretora.
A versão nacional ganhou um revezamento das atrizes nos papéis, nos moldes do que é feito nos processos de criação do Théâtre du Soleil. Desta vez, a alternância seguirá pelas apresentações. ‘Diferentes atrizes atuam em diferentes personagens, guardando suas particularidades, sem qualquer tipo de hierarquização ou julgamento de valor. Ganham as atrizes que se multiplicam em cena, ganha o público que assiste a diversas versões de um mesmo espetáculo, ganha o teatro brasileiro que vê suas possibilidades ampliadas com a passagem de Ariane Mnouchkine pelos palcos do país’, ressalta Julia Carrera, atriz, tradutora e uma das produtoras da montagem. ‘Ariane potencializa tudo isso porque o fazer teatral, para ela, é baseado na força do coletivo’, completa Fabianna de Mello e Souza, que esteve no Soleil por mais de uma década e também atua e produz o espetáculo.
Convidadas por Germana para lhe ajudar a colar um milhão de selos e assim ganhar tudo que é preciso para mobiliar sua casa, Linda, Mariângela, Branca, Romilda, Lisa, Rosa, Ivete, Lisete, Angelina, Teresa, Pietra, Gabriela, Olivina e Ginete são personagens que podem estar reunidas neste momento na periferia de São Paulo, no subúrbio do Rio ou à margem de qualquer grande cidade do mundo. Mulheres que trabalham, cuidam de seus filhos e marido, que traem e são traídas, que rezam. São amigas, cunhadas e vizinhas que, reunidas na cozinha, colando os selos, falam dos seus sonhos e dissabores, desejos e medos, anseios e frustrações.
O espetáculo estreou no 28º Festival de Curitiba nos dias 27 e 28 de março, em seguida realizou temporada no Teatro Sesc Ginástico, no Rio de Janeiro, onde teve temporada prorrogada devido ao grande sucesso.
Serviço AS COMADRES
TEATRO ANCHIETA – SESC CONSOLAÇÃO (280 lugares)
Rua Doutor Vila Nova, 245 – Consolação
Informações: 3234.3000
Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br e em toda rede Sesc SP
Quarta a Sábado às 21h | Domingo às 18h
Ingressos: R$ 40
R$ 20 (meia-entrada: estudante, servidor de escola pública, +60 anos, aposentado e pessoa com deficiência)
R$ 12 (credencial plena: trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes)
Duração: 110 minutos
Recomendação: 12 anos
Gênero: musical
Curta Temporada: de 05 a 28 de julho
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