Ícaro Silva, Claudio Lins, Hugo Bonemer participam da 6ª edição do “Tudo ao contrário”


Créditos: Clarissa Ribeiro


O CEFTEM realiza no dia 30 de novembro a 6ª edição do “Tudo ao Contrário” no Teatro Riachuelo (RJ) às 20h. O evento, dirigido por Reiner Tenente e João Fonseca terá renda arrecadada para a Sociedade Viva Cazuza e Casinha, e contará com apresentações de artistas conhecidos do segmento musical.

O show vai contar com apresentação de vários artistas conhecidos do segmento musical, como Hugo Bonemer, Suzy Brasil, Ícaro Silva, André Dias, Laila Garin, Claudio Lins, Cris Pompeu, Stella Maria Rodrigues, Gottsha, Nando Brandão, Helga Nemetik, Soraya Ravenle entre outros *. Todos voluntários, em prol de uma boa causa: arrecadar fundos para as instituições.

O evento, idealizado por Caio Loki (Loki Entretenimento), tem direção musical de Tony Lucchesi, coreografias de Quéops, direção de produção de Joana Mendes e realização de João Fonseca e CEFTEM.

– Acho que é um momento muito importante para a nossa cultura, depois de um período mais crítico da pandemia, além da falta do sucateamento do nosso setor, o ‘Tudo ao Contrário’ vem com essa função de mostrar que através da arte iremos continuar a resistir e ajudar a sociedade. Falar de cultura e das questões de diversidade são de extrema importância, o show vem para tratar delas, de maneira divertida ele ajuda a sociedade a perceber que somos todos iguais, além de fortalecer a união entre todos os artistas – finaliza Reiner Tenente.

Os ingressos já estão à venda pelo Sympla: Clique aqui!

Mais informações pelo https://www.instagram.com/tudoaocontrariomusical/

* Artistas, e números, sujeitos a alteração, dependendo da agenda dos mesmos.

Tudo ao Contrário 6 – A Cena em Prol da Vida

Dia 30 de novembro – 20h
Teatro Riachuelo
Rua do Passeio 38/40 – Centro – Rio de Janeiro – RJ
Ingressos: Plateia Vip: R$ 120
Plateia normal: R$ 60
Balcão e balcão nobre: R$ 40
Classificação: 12 anos
Duração: 120 min
Telefone: (21) 3554-2934

Entrevista com Mário Goes, autor do livro “Mar Sonoro, um Eco sem fim …”


Créditos: Divulgação


No dia 26 de novembro o ator, dramaturgo e roteirista Mário Goes lança o seu primeiro livro, “Mar Sonoro, um Eco sem fim…” na sede da Cia. da Revista. O lançamento contará com algumas dezenas de exemplares (Edição limitada) criada para este dia. O livro também estará disponível no formato audiobook, na voz do autor, ampliando a acessibilidade e alcance da obra. Conversamos com Mário sobre essa novidade, confira!

Acesso Cultural: Mário, você está lançando o seu primeiro livro “Mar Sonoro, um Eco sem fim …” no dia 26 de novembro. Conta para os leitores do Acesso Cultural um pouco desse projeto?

Mário Goes: Pois é, eu me lembro do primeiro livro que li, e tenho o primeiro livro que me fez me apaixonar por escrever histórias. E agora eu vou lançar uma história no formato de livro, é de fato, uma grande alegria esse projeto. Vamos lá, eu sempre escrevi muito pra teatro, já me aventurei na escrita pra cinema, mas agora é uma nova linguagem, estou lançando um Conto. Eu estou surpreso como tudo aconteceu muito rápido, tive a inspiração , escrevi e quando dei para alguns amigos lerem, eles me disseram “PUBLIQUE” e agora estou fazendo isso.

“Mar Sonoro, um Eco sem fim…” é uma linda história de amor, onde o eco das relações se faz presente, mar, lua e praia se fazem presentes nessa história galgada nos encontros e reencontros ocasionais e das formas mais inesperadas, e falar de amor é sempre um acalanto, principalmente em tempos de tanto ódio.

E para esse dia 26, na tarde de autógrafos, eu que também sou ator, reservei um espetáculo inédito para os presentes, eu e a ativista Leyllah Diva Black, vamos ler trechos do livro e cantar algumas músicas costurando essa história linda, está de fato imperdível e tudo concebido com muito carinho para o público que me acompanha e para os leitores que se aprochegam.

Créditos: Divulgação

AC: Apesar de ser o lançamento do seu primeiro livro, você já tem outras experiências com a escrita no Teatro e no cinema. Como essas artes se entrelaçam para você?

MG: Eu amo contar histórias, sejam elas como ator, diretor, bailarino… Mas na escrita tem um lugar muito diferente, por que eu crio personagens, sentimentos, cheiros, atmosferas que levam o leitor para lugares infinitos e isso é muito grandioso, esse poder da palavra me encanta, e trazer isso em um país onde a educação não é primeiro plano, reforça uma luta pela cultura em geral. Me anima pensar minuciosamente em cada palavra que ali está escrita, e que construindo uma narrativa não deixa a história “pronta”, afinal, me interessa ainda mais a possibilidade de cada leitor, ler o que escrevo com suas vivências e aí a catarse acontece, é a mágica da arte e isso é magnífico. Embora cada universo de escrita seja completamente difuso do outro (teatro, cinema, literatura…), a escrita se entrelaça quando falo de palavras e sentimentos, e eu sou um escritor que presa pela palavra palpável, atmosferas lúdicas e universos tão distantes, que ao dar a volta ao mundo, se tornam próximos por que nos encontram na espécie de um efêmero reencontro.

AC: No material de divulgação do livro você cita o grande escritor Ariano Suassuna. Quem são as suas referências?

MG: Eu comecei a escrever aos 8 anos de idade e a atuar de 9 pra 10 anos. Nesses mais de 20 anos vivendo para a arte, imagine quantas vezes já me fizeram essa pergunta?! E obviamente que tem várias respostas em várias entrevistas anteriores, mas é muito difícil elencar minhas referências, pois tenho uma mãe que me incentivou muito a leitura desde criança e quem me deu o meu primeiro livro, e tenho incontáveis coisas que já li e continuo lendo por todo sempre, sou um apaixonado pela escrita, pela palavra, os sons e fonéticas, e fascinado pelos arcos dramáticos de toda e qualquer história, até das histórias que não gosto, essas me interessam entender o porque não gosto. Falei de Ariano Suassuna por que sim, ele é uma grande referência, um nome conhecido e que está próximo de mim por ser um nordestino, eu passei parte da infância no nordeste e ver esses seres humanos desbravando o mundo com seu talento é inspirador, e eu sempre penso em trazer para os “nossos”, não tenho problemas com a escrita internacional, mas chega de ter esse espírito colonizado não é?! A contemporaneidade tá aí, cheia de gente talentosa e assuntos urgentes, e eu gosto de dialogar com meu país, numa busca, ainda que de alcance pequeno, me interessa melhorar aqui com minha arte, e se depois isso ir ganhando o mundo, que lindo que será, mas penso em “organizar a minha casa” pra depois passear pelo mundo.

AC: O livro também vai estar disponível na versão audiobook. Qual a importância de termos não somente a versão física do livro?

MG: O primeiro ponto é pensar nas pessoas cegas, e daí tudo o que escrevo a partir disso é secundário pra mim. Embora eu escreva, dance, coreografe, dirija espetáculos, eu me considero prioritariamente um ator de ofício, e quando veio essa ideia do audiobook para pessoas cegas e também para pessoas que preferem os ditos “podcast“, decidi lançar nesse formato também, e com a minha voz na interpretação. Eu acho que é a mesma história, mas contada de outra forma, o que é muito legal de ouvir, por que a ambientação sonora nos coloca diretamente em lugares que a escrita já nos leva, a sonoridade que essa ferramenta nos proporciona, só concretiza esse feito imaterial.

AC: Para finalizar, nos conte dos teus projetos futuros Teatro, cinema, literatura. O que podemos esperar do Mário Goes em 2023?

MG: De Mário Goes vocês podem sempre esperar muitas coisas (rs), o otimismo e o amor, uma busca incansável de realizar meus projetos pessoais, agregar nos projetos que acredito e em busca de um mundo melhor. Sempre estou executando muitas coisas, vou falar de algumas que já estão surgindo em grande força:

Na literatura, tenho um livro de poemas “NOVES DE MIM” (Nove poemas escritos ao longo de nove anos incluindo a Trilogia do não amor). Também estou trabalhando há 4 anos em um livro/pesquisa de dança contemporânea partindo da bailarina alemã Pina Bausch.

No cinema, um roteiro que eu escrevi e dirigi em 2021, está com estreia prevista para o 2° semestre de 2023, ele vai estrear na Bahia primeiro, porque foi rodado lá, e depois vai ganhar o nosso Brasil, se chama “BARTOLOMEU E BENEDITO DESCANGADOS”, já está na fase de finalização e pós Produção.
Ainda no cinema, estou como ator/bailarino em um curta metragem sobre a relação dos corpos e o caos da cidade grande, se chama “CAOS”, este ainda estamos em período de filmagens.

Para o teatro, me aguardem, 2023 estamos com previsão de estrear um espetáculo com direção de Kleber Montanheiro e em cena eu e a grande atriz Selma Luchesi, imagine a honra de estar em cena com uma atriz que tem mais de 50 anos só de carreira profissional e com prêmios e grandes trabalhos, nesse espetáculo o texto é meu também, um projeto que estamos cultivando há uns bons anos e aponta para ano que vem, Evoé.

Além de algumas direções e outros convites e produções que estão surgindo.
De fato, eu sou um artista que não pode reclamar, sempre ladeado de muita gente boa, do bem e fazendo o meu ofício de contar histórias.

Comédia dramática ‘4 da Espécie’ em cartaz no Sesc 24 de maio


Créditos: Laerte Késsimos


As relações entre gênero e poder são o foco da peça 4 da Espécie, a história do corpo coisa nenhuma, escrita e dirigida por Michelle Ferreira, que está em cartaz no Sesc 24 de Maio, onde segue em temporada até 4 de dezembro. O espetáculo d’A Má Companhia Provoca traz no elenco Ivone Dias Gomes, Letícia Rodrigues, Lúcia Bronstein, Maíra De Grandi, Maura Hayas, Renata Augusto e Renata Guida.

A trama se passa em um feriado de Dia dos Mortos, quando Jaque Martini, Soni Kunder, Bibi Bibete e Lee Quatropani se encontram para viver uma aventura num chalé isolado nas montanhas. Lá, começam a ter pequenos conflitos que geram grandes problemas e trazem revelações sobre o caráter de cada um – sua mesquinhez, preguiça, vaidade e egoísmo.

Acuadas pela natureza, essas pessoas disputam território no âmbito doméstico e se envolvem em jogos de poder e dominação, brigando com ferocidade por coisas banais, fazendo alianças que revelam a frágil relação entre elas. Mudam seus discursos conforme seus interesses, cometem delitos ora inocentes, ora nem tanto, distorcendo o sentido da democracia. Uma agressividade latente está no ar, um impulso para a disputa, uma necessidade de fazer política.

Créditos: Laerte Késsimos

Parecem capazes de dominar o mundo. Exercem a liderança pela oratória ou pela violência. Mas algo parece fora do lugar. Quem são essas pessoas? Tem gênero? Por que um certo tipo de comportamento parece deter sempre o monopólio do poder?

A história é contada enquanto estressa os estereótipos sociais e transita rapidamente entre eles por meio de relações de poder e situações limite.
“Acreditamos que, se quisermos mudar um sistema de opressão, temos de olhar a feminilidade e a masculinidade como algo artificial, construído e esculpido por nós. Caso contrário, repetiremos o cruel casamento entre capital e patriarcado, sem nunca sair das cansativas dualidades que aprisionam os gêneros em ideais inalcançáveis por todos. O homem universal simplesmente não existe. A mulher universal também não. Isso é instrumento de domesticação.”, questiona a autora e diretora Michelle Ferreira.

Embora quase todas as peças da autora tenham protagonismo feminino, é a primeira vez que Ferreira traz a discussão para a estrutura narrativa. “E, para isso, é preciso que as mulheres contem suas próprias histórias. Que as artistas coloquem suas obras, que as escritoras escrevam, que as cientistas pesquisem… É por meio do trabalho real, objetivo e que ajuda a carroça da humanidade a ir para frente que vamos construir outras narrativas e versões da História. Precisamos de uma ficção a favor das diversidades, para que os corpos das mulheres parem de morrer e possam, simplesmente, existir. Precisamos aceitar as inúmeras possibilidades de sujeitos, não mais presos às dualidades mente/corpo, natureza/cultura, macho/fêmea e organismo/máquina”, acrescenta.

A encenação é apoiada na pesquisa que A Má Companhia Provoca vem desenvolvendo ao longo da sua trajetória sobre o jogo teatral. “Acho que nesta montagem radicalizamos o jogo, porque ele é extremamente explícito em cena. A plateia, inclusive, acaba sendo direcionada a torcer pela sobrevivência de uma dessas quatro personagens. Quem vai vencer o jogo daquela vida que está sendo contada ali?

E 4 da Espécie – A História do Corpo Coisa Nenhuma (2018) também foi a primeira peça de Ferreira a ser publicada em um livro, como resultado do prêmio PROAC 2017 de Criação Literária – Texto de Dramaturgia.

SERVIÇO
4 da Espécie – A História do Corpo Coisa Nenhuma, de Michelle Ferreira
Temporada: 10 de novembro a 4 de dezembro. Quintas, sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h
Sesc 24 de Maio – Rua 24 de Maio, 109, São Paulo – 350 metros da estação República do metrô
Ingressos: sescsp.org.br/24demaio e nas bilheterias das unidades Sesc SP a partir de 02/11 às 17h. R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (Credencial Plena – Sesc)
Capacidade: Localizado no subsolo, o teatro do Sesc 24 de Maio tem capacidade para 216 pessoas, incluindo acomodações para cadeirantes, pessoas obesas e/ou com deficiência e mobilidade reduzida.
Classificação: 16 anos
Duração: 80 minutos
Gênero: Comédia dramática

Confira espetáculo inspirado em mulheres nordestinas gratuito

Créditos: Guilherme Bortolotti

Créditos: Guilherme Bortolotti


De 05 a 29 de novembro de 2022, a Cia. Armárias realiza dez apresentações online da temporada de estreia do espetáculo “Eu avisei que eu vinha”. A ação faz parte do projeto contemplado na 6ª edição do Fomento ao Circo para a cidade de São Paulo.

As transmissões serão gratuitas e realizadas para todo o Brasil a partir das redes sociais de espaços culturais parceiros como o CEU Feitiço da Vila GestãoCEU Guarapiranga, CEU Campo Limpo, CEU Tiquatira, CEU Paraisópolis, CEU Cantos do Amanhecer, CEU Vila do Sol , CEU Capão Redondo, CEU Quinta do Sol e CEU Casa Blanca.

Unindo teatro físico, máscaras e dança, “Eu avisei que eu vinha” é inspirado em relatos reais de mulheres do nordeste que migraram para São Paulo e foi construído a partir de suas perspectivas, desafios e conquistas.

Com direção de Angélica Müller e com Karen Nashiro, Priscila Cereda e Vanessa Santtiago no elenco, o espetáculo ganha uma estética não linear e multifacetada ao longo dos acontecimentos do enredo e tem o intuito de direcionar o olhar do público para as mulheres que construíram essa história.

O espetáculo circense transita pelas linguagens do teatro físico, da dança e das máscaras, e conta com um aparelho estruturalmente de ferro – desenvolvido pela própria cia – que se desdobra através de diversas composições cênicas e acrobáticas.

Contemplado pela 6ª edição do Fomento ao Circo para a cidade de São Paulo, o projeto “Foi aí que eu vim me embora  carregando a minha dor” realizou ainda oficinas de circo em espaços culturais situados em regiões periféricas de São Paulo, oficinas de circo e teatro para mulheres assistidas pela Associação Fala Mulher, instituição que atende mulheres vítimas de violência doméstica. Realizou também um bate-papo com representantes da Associação sobre políticas de proteção à mulher, disponível no Facebook da Comunidade Cultural Quilombaque.

Serviço: Espetáculo “Eu avisei que eu vinha”

Duração: 70 minutos | Classificação Indicativa: Livre Grátis

Exibições online: 

Quando: 05 de novembro de 2022 (sábado) – Horário: 16h

Onde: Facebook do CEU Feitiço da Vila Gestão – Link para assistir: www.facebook.com/ceu.feiticogestao

Quando: 09 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h

Onde: Facebook do CEU Guarapiranga – Link para assistir: www.facebook.com/guarapirangaceu

Quando: 10 de novembro de 2022 (quinta-feira) – Horário: 20h

Onde: Facebook do CEU Campo Limpo – Link para assistir: www.facebook.com/CEUCAMPOLIMPO

Quando: 15 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 15h

Onde: Facebook do CEU Tiquatira – Link para assistir: https://www.facebook.com/ceu.tiquatira.161

Quando: 16 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h

Onde: Facebook do CEU Paraisópolis – Link para assistir: www.facebook.com/ceuparaisopolisoficial

Quando: 17 de novembro de 2022 (quinta-feira) – Horário: 20h

Onde:  Facebook do CEU Cantos do Amanhecer – Link para assistir: www.facebook.com/ceucantos

Quando: 19 de novembro de 2022 (sábado) – Horário: 16h

Onde:  Facebook do CEU Vila do Sol – Link para assistir: https://www.facebook.com/viladosolceu

Quando: 23 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h

Onde: Facebook CEU Capão Redondo – Link: www.facebook.com/CentroEducacionalUnificado

Quando: 23 de novembro de 2022 (quarta-feira) – Horário: 20h

Onde:  Facebook do CEU Quinta do Sol – Link para assistir: https://www.facebook.com/CEUQuintadosol

Quando: 29 de novembro de 2022 (terça-feira) – Horário: 20h

Onde:  Facebook do CEU Casa Blanca – Link para assistir: www.facebook.com/ceucasablancaoficial

Espetáculo protagonizado por Ana Cecília Costa encerra temporada em SP


Créditos: Laércio Luz/Divulgação / Estadão


Neste mês de outubro a Biblioteca sedia a peça “Pequeno Oratório do Poeta para o Anjo“, feita especialmente para a Biblioteca Mário de Andrade. As senhas gratuitas ficam disponíveis na recepção a partir das 18h. Esperamos vocês!

Menos conhecida pelo público do que mereceria, a poeta Neide Archanjo, falecida em 2021, foi uma criadora da maior grandeza na língua brasileira, com livros premiados e o reconhecimento de artistas de áreas diversas, como Maria Bethânia, que gravou a leitura de alguns de seus poemas.

No espetáculo inédito dirigido por Luciana Lyra, com trilha sonora de Erika Nande interpretada ao vivo, o livro de Archanjo “Pequeno Oratório do Poeta para o Anjo” alça o voo da oralidade na voz de Ana Cecília Costa. Grande amiga e admiradora de Archanjo, a experiente atriz de “Orfãos da terra”, entre diversas outras produções do teatro e da televisão, pôde mostrar para a própria autora algumas dessas interpretações, por meio de chamadas de vídeo ao longo de 2020 e 2021.

Créditos: Laércio Luz/Divulgação / Estadão

Descrito pela escritora como um único poema subdividido em 16 partes, o texto relata a anunciação, a presença e a despedida de um anjo que visita o poeta. Na vivência desse amor com componentes homoeróticos, percebe-se que a personagem representa o ponto de diálogo entre o ser e o não ser, a verdade e a mentira, a luz e as trevas.

Todas as apresentações do espetáculo são seguidas de conversas com especialistas na obra de Neide Archanjo.

PEQUENO ORATÓRIO DO POEMA PARA O ANJO
Auditório da Biblioteca Mário de Andrade, sempre às 19h;
Última sessão: 26 de outubro.
Rua da Consolação, 94 – Ingressos grátis a partir de uma hora antes, na recepção.

Musical Dominguinhos homenageia o saudoso mestre da sanfona

Créditos: Priscila Prade

Créditos: Priscila Prade


Mestre da música popular brasileira, o saudoso compositor e sanfoneiro pernambucano Dominguinhos (1941-2013) recebe uma homenagem com o musical Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais que estreia no dia 6 de outubro no Teatro Faap, onde segue em cartaz até 27 de novembro.

O espetáculo foi idealizado pelo diretor Gabriel Fontes Paiva e pela diretora musical Myriam Taubkin, que trabalharam durante um bom tempo com o homenageado. Já o texto foi criado pela premiada dramaturga e jornalista Silvia Gomez e traz de forma contemporânea toda emoção daquele que acabou se consolidando não somente como o mestre do forró, mas com uma carreira musical própria englobando diversos gêneros como o jazz, o pop e a MPB.

Para fazer jus a sua amplitude musical, boa parte do elenco veio do universo da música, como é o caso de Liv Moraes, cantora, parceira e filha de Dominguinhos, Cosme Vieira, que tocou sanfona com Dominguinhos quando ainda era criança, o ator e professor musical Wilson Feitosa, o compositor e arranjador Zé Pitoco, de Cupira / PE, que acompanhou Dominguinhos em inúmeros shows ao longo se sua carreira, um dos grandes expoentes da nova safra de atores e cantores brasileiros Luiza Fittipaldi e os conhecidos internacionalmente  Hugo Linns, músico que é referência brasileira em viola e o aclamado percussionista Jam da Silva, os três últimos de Recife / PE.

“Quando Dominguinhos faleceu foi um momento difícil, porque o acompanhamos de perto. Ele era muito querido e sempre foi uma delícia trabalhar com ele. Pouco depois da morte dele, procurei a Myriam, minha parceira no Projeto Memória Brasileira, que documenta a memória viva da música brasileira há 35 anos, para criar um musical sobre a vida e obra desse gênio. Foram 7 anos elaborando, negociando direitos autorais e viabilizando o espetáculo. E hoje eu entendo que conseguimos construir o projeto ideal com dezenas de outras pessoas que compreendem, respiram e vivem neste universo”, revela Paiva.

Sobre o processo de construção da dramaturgia, Silvia Gomez conta que o texto foi escrito ao longo de dois anos a partir de entrevistas com pessoas que conviveram com Dominguinhos, como Anastácia, Liv Moraes, além dos próprios Gabriel Fontes Paiva e Myriam Taubkin. Além disso, o jornalista especializado em música Lucas Nobile assina a pesquisa documental que apoiou a escrita dramatúrgica.

“Lucas trouxe um material vasto de linha do tempo, músicas, motivações, notícias e casos da vida desse mestre. O mergulho na obra incluiu programas, documentários, entrevistas e reportagens de jornais e revistas de época, além de livros como O Brasil da Sanfona, de Myriam Taubkin. Nos baseamos em fatos reais e depoimentos públicos de Dominguinhos, sem, no entanto, deixar de dialogar poeticamente com essa realidade, ficcionalizando certas passagens que envolvem as personagens evocadas”, comenta a autora.

Muito mais do que contar de forma linear e cronológica a vida de Dominguinhos, a dramaturgia explora essa combinação entre o documental e o poético. “Há um certo lugar delirante em minhas dramaturgias e, aqui, pude expressá-lo no recorte escolhido como procedimento narrativo: em seu último momento de vida, Dominguinhos é visitado pelas histórias, pessoas – e sanfonas – que marcaram sua carreira, como se tudo se passasse numa fração de segundo infinita do pensamento e da memória. Também sou jornalista, e, pela primeira vez, pude combinar em uma peça teatral a minha formação híbrida, entre a dramaturgia e o documento. Ou melhor, pude buscar a vocação narrativa dessa vida e dessa obra tão importantes para a nossa formação cultural e afetiva”, acrescenta.

Já a encenação parte de um jogo entre os atores e músicos, que se alternam nos papéis de Dominguinhos e das pessoas que fizeram parte da vida dele. “Este jogo tem tudo a ver com a trajetória de Dominguinhos e com a obra dele. Um homem que viveu para trazer alegria para as pessoas e que conseguia contar, inclusive coisas tristes, de uma forma alegre. A encenação parte desta brincadeira com a plateia para que a gente possa transmitir a energia que ele conseguia levar a todos nós. Quem viu Dominguinhos tocar ao vivo sabe do que estou falando e é isso que vamos tentar reproduzir”, explica Gabriel Fontes Paiva.

Ainda sobre a direção, Paiva conta que buscou resgatar como grandes referências para a montagem elementos importantes para o sanfoneiro, como a cidade de Garanhuns, em Pernambuco, onde Dominguinhos nasceu, e os ritmos e danças como forró, baião e xaxado.

“Também buscamos a música pop dos anos 70 e 80 em São Paulo e no Rio de Janeiro. Fomos atrás da raiz, mas também da antena que ele foi: um músico pop que conseguiu passar por todos os gêneros musicais e realizou parcerias com dezenas de músicos de linguagens diferentes, um artista que sempre falou de sua época”, adiciona o diretor.

Um pouquinho sobre Dominguinhos

Dominguinhos conseguiu unir o regional de um Brasil profundo com o que havia de mais moderno na música. Foi um artista que cantou a experiência humana em sua essência mais luminosa, sempre com leveza, humor, alegria e poesia.

Nascido em Garanhuns (PE), em 1941, José Domingos de Moraes iniciou a carreira ainda na infância. Aos oito anos, se apresentou para Luiz Gonzaga em um hotel de sua cidade natal, sem saber que tocava para o Rei do Baião. E, aos 13 anos, deixou seu estado com a família para tentar a sorte no Rio de Janeiro.

Em mais de 55 anos de carreira, Dominguinhos gravou 40 discos. No último desses trabalhos, Iluminado Dominguinhos, lançado em DVD em 2010, gravou grande parte de seu repertório instrumental com a participação de Gilberto Gil, Elba Ramalho, Wagner Tiso e Yamandu Costa, entre outros.

Suas músicas mais conhecidas são “Eu Só Quero um Xodó” e “Tenho Sede” (parcerias com Anastácia), cujos registros mais famosos foram feitos por Gil na década de 1970, “Isso Aqui Tá Bom Demais” e “De Volta pro Aconchego” (com Nando Cordel), clássico na voz de Elba Ramalho, nos anos 1980, “Abri a Porta” e “Lamento Sertanejo” (com Gilberto GIl).

“De Volta pro Aconchego” e “Isso Aqui Tá Bom Demais” fizeram parte da trilha da novela “Roque Santeiro”, aumentando a popularidade do artista nos anos 1980. Na mesma década, Chico Buarque gravou “Tantas Palavras”.

Dominguinhos também venceu o Grammy Latino duas vezes (em 2002 e 2012); o Prêmio Tim de Música Brasileira duas vezes (em 2007 e 2008) e o Prêmio Shell de Música (2010).

Embora morasse em São Paulo, ele sempre voltou ao Nordeste, desde as primeiras turnês com seus trios no início de carreira; nos muitos anos em que acompanhou Gonzagão; e ao lado de Anastácia. E, nunca deixou de se apresentar nas tradicionais festas juninas de Campina Grande (PB); Caruaru (PE); Feira de Santana (BA), entre muitas outras cidades.

Dominguinhos negava a maneira como sua região era tratada – pela ótica da miséria, da seca, da falta de esperança. Ele também adorava Fortaleza, onde fez inúmeros amigos, onde era muito bem recebido e onde ia descansar de seus compromissos. Sempre elogiava o povo cearense, como trabalhador e hospitaleiro.

O sanfoneiro faleceu no dia 23 de julho de 2013, depois de uma longa luta contra um câncer de pulmão, deixando um legado inestimável de valorização da música popular e da cultura nordestina.

Serviço
Dominguinhos: Isso Aqui Tá Bom Demais
Temporada de 6 de outubro a 27 de novembro
Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
Teatro Faap: Rua Alagoas, 903 – Higienópolis.

Ingressos: R$ 120,00
Classificação indicativa: Livre
Duração: 110 minutos