Formado pela carioca Gabriela Luz e o paulistano Thiago Mart, o duo Mar Aberto se apresenta na Casa Natura Musical dia 16 de abril, sábado, 22h. Neste show, os artistas apresentam uma série de singles de sucesso, como ‘Se Fosse Tão Fácil’, ‘Logo Agora’, ‘A Encomenda Da Minha Vida’, ‘Respire Fundo’ e músicas do EP Baseado em Amores Reais.
Em seu último lançamento, o álbum Referências (2020), no melhor estilo de voz e violão, o duo apresenta novas possibilidades de interpretação de músicas, como Telegrama de Zeca Baleiro, Sentimental de Rodrigo Amarante, Não Sei Viver Sem Ter Você de Rodrigo Koala, entre outros sucessos que são referência para ambos.
Em quase cinco anos de atividade, o duo já se apresentou em diversas cidades do país, nas maiores emissoras de rádio e televisão e colaborou com uma extensa lista de artistas e influenciadores da internet.
Serviço Mar Aberto Dia 16 de abril, sábado, 22h. Abertura da Casa: 20h30 Ingressos à venda pelo Sympla Valores:
Está em exibição gratuitamente, na fachada da Casa Natura Musical, a mostra OUTROS FUTUROS/TERRITÓRIOS IMINENTES, co-criação do Coletivo Coletores junto à equipe da Casa Natura Musical. A exposição acontece na galeria independente de difusão de arte digital do equipamento cultural, nomeada NA FAIXA, que por meio de um painel de LED de 8,96m de comprimento por 1,92m de altura, ocupa a fachada do espaço, localizado entre as ruas Artur de Azevedo e Rua dos Pinheiros.
A mostra traz os olhares e perspectivas do Coletivo Coletores junto com as e os artistas biarritzzz & Abros, Thásya Barbosa, Pavuna Kid e Koral Alvarenga. A partir de seus imaginários, histórias, corpos e territórios não hegemônicos, as obras evocam futuros iminentes que estão sendo construídos.
Tendo como eixos curatoriais o corpo e a cidade, a tecnologia e as coletividades, OUTROS FUTUROS/TERRITÓRIOS IMINENTES apresenta um conteúdo inédito de arte digital com estéticas que convergem em uma variedade de linguagens, como vídeo-arte, dança, fotografia, linguagem 3D e realidade aumentada.
Artistas e obras expostas na Casa Natura Musical
Coletivo Coletores – É um Coletivo de arte/intervenção urbana, formado em 2008 na periferia da Zona Leste da Cidade de São Paulo pelos artistas e pesquisadores Toni Baptiste e Flávio Camargo Seres, o COLETORES tem como proposta trabalhar a cidade como meio e suporte para suas ações, a partir de conceitos como arte e jogo, design social, cyber-arte, arte relacional, além do trânsito entre diversas linguagens como instalação, fotografia, interfaces de baixas tecnologias, game art, vídeo mapping, cinema e publicações impressas.
Com uma trajetória ímpar o Coletores já participou de diferentes eventos ligados à Tecnologia, arte e cidade, como SPURBAN, FILE, FONLAD Portugal, Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Bienal de Arte Contemporânea de Dakar, Ocupação Red Bull Station, Circuito SESC, assim como uma série de ações sociais em periferias e comunidades dentro e fora do Brasil além de um histórico de ações com grandes marcas como Nike, Youse Puma, Banco Itáu, Boticário, entre outras.
Série: Oniscientes
Onisciência baliza uma das principais visões sobre o universo desde sua origem, passando pelos dias atuais se lançando para o futuro. Pressupõe um tipo de conhecimento, norma, lei ou visão que nos une como processos e resultados que nos antecedem, nos acompanham e nos conectam como seres vivos e como partes de um todo muito maior do que podemos compreender.
Em muitas civilizações esse mesmo princípio está presente orientando comunidades, sociedades e religiões. Kojo Baiden, Adobe Santann e Hórus são algumas das materializações desse conceito, ora como um princípio ou entidade, em comum entre elas a representação de um olho que se apresenta como a totalidade do universo e a ordem natural e social das coisas. Oniscientes, aqui no plural, faz justamente uma conjunção e convergência de olhares sobre a possibilidade de, mesmo em tempos, contextos e personagens diferentes, algo pode estar a nos conectar e impulsionar.
biarritzzz (1994, Fortaleza, vive e trabalha em Recife, Brasil) é uma artista transmídia que atua entre linguagens, traduções e códigos. Põe em jogo a questão da tecnicidade versus amadorismo e ciência versus magia na criação de realidades. Em seu trabalho remixa cultura pop, vídeoarte, política de memes, estéticas de videogame e poesia com as novas mídias. Investiga as infinitas linguagens dessa intersecção, e suas criptografias a partir dos corpos não hegemônicos, como ferramenta de poder.
Uma das primeiras artistas brasileiras expoentes em GIF arte, já expôs nacional e internacionalmente, incluindo a plataforma Satélite (Pivô Arte e Pesquisa), Centro Cultural São Paulo, A.I.R Gallery, The Wrong Biennale, FILE, IMS (Instituto Moreira Salles), entre outros festivais e exposições coletivas. Atualmente integra o corpo de artistas do projeto Unfinished Camp.
ABROS – Interdisciplinaridade e diversidade são as tônicas da obra de Bros (28). Natural da cidade de Camaragibe-PE. Como multiartista, conduz investigações poéticas repletas de sobreposições de linguagem, onde a pintura, a performance, a arte urbana, a arte-educação e diversas outras práticas ocupam o mesmo espaço. Integra o Coletivo Carni de arte negra e indígena desde 2018 e o Coletivo Mural (Movimento urbano de arte do lambe) desde 2019 e a partir de 2020 representa a Nós Galeria (SP). Desenhista e Ilustrador pelo Senac/PE. Participou das Residências artísticas “Inarte urbana” em Natal-RN, “Bahia de Todas as cores” em Salvador (BA), “Arte SESC Confluências” em Garanhuns (PE), Ilha do massangano (PB), Juazeiro e Petrolina. Ainda a residência “Terra, poder e território” em Surubim-PE, e a Cuíca residência em Niterói (RJ) em 2020.
OBRA: Caminhar Para Trás: Onde os sinais que nos rodeiam falam para quem tem a chave
Em uma busca por vestígios do que já existiu, um ser encantado sobrevoa o rio Pinheiros anunciando a chegada de um guardião. Numa parceria inédita, biarritzzz e Abròs Barros criam a animação Caminhar Para Trás: Onde os sinais que nos rodeiam falam para quem tem a chave. Essa chave atravessa os tempos e aparece à vista, de onde nunca saiu. Os rios, a mata, os povos e os bichos que aqui viviam, habitam uma terra invisível de teias suspensas, que flutuam à espera de um novo colapso. O fogo que anda segue caminhando, e esta caminhada não olha para frente”.
Dentro de uma leitura não linear de tempo, o trabalho revisita duas obras de grafitti realizadas por Abròs em períodos distintos em Camaragibe e Maracaípe (PE), que alimentam um mesmo imaginário compartilhado, num movimento que segue outros ciclos de produção de imagem, simbologia e significados, revelando outra camada dessas produções para além do aqui e agora.
No universo da apropriação digital e da linguagem do chromakey, biarritzzz desenvolve a animação partindo de uma pesquisa de mapas do entorno da própria Casa Natura, local onde é exibido o trabalho, e de imagens de drone sobre Rio Pinheiros, curso de água enforcado pela metrópole paulista que dá nome ao bairro onde a casa está localizada. A mata da Serra do Mar, de onde nascem as águas que lhe formam, é fundo, fim e recomeço da narrativa, que remonta aos olhos dos encantos, que nas sobras e restos ainda protegem, mas também se vingam.
Pavuna Kid é a persona de incorporação criativa de Theuse Luz d’Pavuna, artista visual & performer carioca não binária que combina a corporeidade das danças urbanas com dinâmicas do audiovisual criando obras que questionam a ideia de performance de gênero e a relação entre corpa-cidade.
OBRA: Quem Tem Coragem?
Avenida Brasil. Rodovia mais movimentada do Rio de Janeiro. Liga o extremo da Zona Oeste ao Centro da Cidade, rota principal de muitos trabalhadores e estudantes periféricos. O familiar ambiente caótico, da correria e do trânsito pesado, dá lugar a uma atmosfera onírica.
Em “Quem tem coragem?” a artista, sensei da House of BUSHIDŌ pertencente à comunidade Ballroom, ressignifica esse espaço de fluxo ao performar a Voguing em um espaço que em primeira vista parece comportar a diversidade, mas que na verdade é codificado e inabitado. Reavendo o seu direito de passar e transpassar, Pavuna Kid questiona: Quem tem coragem de lutar pela verdade?
Koral Alvarenga é artista digital, formada em Artes Visuais e pós-graduada em Fundamentos da Cultura e das Artes pela UNESP, pesquisa a tridimensionalidade da arte na intersecção entre o digital e o físico, mesclando processos de modelagem 3D, escaneamentos 3D, tecnologia 360º e realidade virtual e impressão 3D.Dentre os seus trabalhos desenvolve o projeto “Guerrilheira” no qual conecta imagens em diferentes formatos com filtros do Instagram em AR e modelagem para impressão 3D. Outras linhas poéticas apresentadas em seus trabalhos são o pós-humano, a cyborguização, as narrativas imagéticas sobre identidade, as conexões entre as pessoas, o universo e os tempos, trazendo em suas criações elementos e símbolos que permeiam a existência humana com um olhar futurista.
É co-criadora do Coletivo VIA, compõem a rede de artistas digitais da Brazil Immersive Fashion Week e dentre as exposições e projetos que participou, destacam-se: Dreaming The Cities conexão Lahore, Paquistão x São Paulo, Brasil, Do Palco às Ruas | Coletivo Coletores | Re-Sankofa” no CCSP -Centro Cultural São Paulo, Women Music Event (WME) na Casa Natura Musical, Festival GRLS!” no Memorial da América Latina, Fragmentos da Memória do projeto Entre-Linhas premiado com o Edital VAI,LOTE –LUGAR,OCUPAÇÃO,TEMPO E ESPAÇO no Instituto de Arte-UNESP, Imagísticas femininas no Centro Cultural Butantã, Telefone sem fio na Ocupação Cultural Mateus Santos,1º Salão de Artes Visuais da Quarentena, Projeto Tebas/Rememória II do Coletivo Coletores, Imaginários Coletivos da IMAGECON, além de realizar dois trabalhos didáticos com arte e tecnologia na Pinacoteca de São Bernardo do Campo
OBRA: Guerrilheiras
Pensando o feminino e o seu direito a cidade, “Guerrilheira” se manifesta como eixo de discussões para transformação/ inovação social e digital dentro do território periférico. A obra traz em sua poética questões acerca do feminino, reflexões de como é resistir e existir em territórios de alta vulnerabilidade, sendo necessário o uso de mascaras físicas e simbólicas para se proteger de inúmeros abusos, lançando um novo olhar sobre o feminino periférico digital.
A ideia do trabalho é discutir a cidade e refletir sobre espaços de luta, liberdade, criação artística feminina e ao mesmo tempo um espaço de medo e segregação e opressão tecnológica em relação ao feminino, trazendo em sua narrativa experiências visuais que reflitam sobre como a cidade pode se tornar um espaço amigável para as mulheres se expressarem criativamente podendo existir da maneira que elas são e sendo retratadas através do viés tecnológico e artístico.
Thásya Barbosa – No ambiente urbano ou em meio à natureza, o trabalho fotográfico de Thásya tem como protagonista o corpo e suas possibilidades tanto anatômicas, quanto de inserção e correlação com o espaço que o circunda. Inspirada por inúmeras mulheres, na filosofia e nas artes, a artista encontrou na fotografia a sensibilidade estética que se faz para além da captura de imagens, permitindo contar histórias e prazeres no reconhecimento de si na imagem de outras mulheres Hoje a fotógrafa está radicada no Rio de Janeiro e por meio de suas obras participou de exposições nacionais e internacionais em espaços como Itaú Cultural, DriveThru.Art, Galeria de Arte Luís Maluf, G. Wickbold Studio, Brazil Foundation, ApArt, The 55 Project, POSTER Mostra, Mulheres Ocupam (projeto Nike). Mulher, negra, artista brasileira, Thásya usa sua voz para espalhar carinho, empatia e denúncia.
Série: Futuro Ancestral
Panaceia, Boldo, Colônia, Jurema, Levante, Guiné e Arruda. Busco a cura através dos meus ancestrais. Lavo cabeça, limpo meu corpo e alma. Assim eu me deito sentindo o aroma da cura que me atravessa e acalma. A série “Futuro Ancestral” retrata o ritual de limpeza espiritual através de raízes e ervas, feito na cidade de Barra do Piraí, interior do Rio de Janeiro, no T.E. Espírita CAB 7 Flechas e Ilê do Oxosse, onde nasce o reencontro e reconexão da fotógrafa com seus ancestrais.
Serviço NA FAIXA – OUTROS FUTUROS/TERRITÓRIOS IMINENTES Até 1º de abril de 2022 Horário: De terça-feira a domingo, das 17h às 23h Gratuito | Livre
CASA NATURA MUSICAL Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo www.casanaturamusical.com.br Facebook | Instagram | Twitter
A partir de fevereiro, a Casa Natura Musical retoma sua maior paixão, a música ao vivo, com uma agenda plural, comprometida com a multiplicidade de ritmos, vozes e discursos da cultura brasileira. Para ritualizar a reabertura, no dia 2 de fevereiro, quarta-feira, dia de Iemanjá, a Casa traz um show especial e inédito de Vanessa da Mata, uma das sócias do espaço. “Esse show foi idealizado especialmente para a Casa Natura Musical. Vamos abrir os caminhos de 2022, ano que também comemoramos cinco anos da nossa parceria com Natura Musical“, comenta a artista.
Na sequência, a potência da ancestralidade e força afrobrasileira serão representadas por shows de Elza Soares e Renegado (3 de fevereiro, quinta-feira), Lia de Itamaracá (4 de fevereiro, sexta-feira), a Ball Vera Verão, evento gratuito em parceria com o Coletivo Amem e shows de Bixarte (5 de fevereiro, sábado) e Rico Dalasam (6 de fevereiro, domingo). Na semana seguinte, dias 10, 11 e 12 de fevereiro, quinta-feira, sexta-feira e sábado, Letrux faz os três shows que foram reagendados em março de 2020 e, com poucos ingressos disponíveis, anuncia data extra no dia 13 de fevereiro, domingo. A Casa recebe ainda shows de Luedji Luna (17 de fevereiro, quinta-feira) e Vanguart (20 de fevereiro, domingo).
Ainda estão previstos shows de Johnny Hooker, Maria Rita, Chico César, Amaro Freitas e João Bosco & Hamilton de Holanda, entre outros. Os ingressos e a programação atualizada ficam disponíveis no site da Casa Natura Musical, assim como todas as orientações para o público que já tinha ingressos para os shows que foram reagendados. É importante reforçar que todos os nomes pautados para 2020 terão novas datas. Nos próximos meses, também serão anunciados mais shows e novidades a respeito da retomada presencial do espaço.
“Reabriremos nossas portas para artistas que olham para o futuro e ecoam os movimentos da cultura popular brasileira. Gente que pulsa, ritualiza, faz nossos olhos brilharem, quem nos emociona“, diz Michelly Mury, curadora artística da Casa. “Para os meses da reabertura presencial, a agenda de shows será marcada por artistas de gerações, ritmos e públicos diversos, complementando por meio da curadoria os objetivos centrais do equipamento cultural”, explica.
O retorno ao palco físico não anula as transformações pelas quais o equipamento cultural passou no último ano: comprometida com a potência democratizante de suas redes, a Casa mantém suas editorias online, conciliando a programação offline com as ações digitais que fizeram tanta companhia ao público até agora. Atuando muito além dos seus 1600m², a Casa volta com a proposta de ser um espaço que dá sentido real às palavras “inclusiva” e “sustentável”, se reafirmando como o lugar das pessoas apaixonadas por música que acreditam num futuro coletivo construído na base da ética e do afeto.
“São quase dois anos de muito trabalho à distância, criando e cocriando a partir da música e da arte para mobilizar corações e mentes“, diz Suyanne Keidel, diretora executiva da Casa Natura Musical. “Esse reencontro vai ser importante. Temos novos desafios e as lições que tiramos desse período de pausa vão permanecer conosco. Estamos vindo com muitas ideias na cabeça e conscientes das nossas responsabilidades“, completa.
Além do retorno dos shows, a diretora também garante que o equipamento cultural prepara eventos e experiências a fim de explorar toda a potência do seu espaço físico e digital. “Já em fevereiro, a nossa plataforma de arte digital, o NA FAIXA, que fica na fachada da Casa, também receberá uma nova mostra com assinatura dos nossos parceiros do Coletivo Coletores“, conta Suyanne. O espaço está acompanhando todas as orientações dos órgãos responsáveis de saúde para orientar o público sobre medidas de segurança.
CASA NATURA MUSICAL Rua Artur de Azevedo, 2134, Pinheiros, São Paulo Agenda Ingressos
A Casa Natura Musical lança Goma, a nova publicação mensal online que vai perfilar artistas independentes da nova cena musical brasileira que você deveria parar para escutar. É um projeto multimídia com vídeos, ensaio de fotos, textos, pocket show e playlist musical, que serão divulgados ao longo do mês, para você imergir dentro do universo ‘des artistes escolhides’.
Goma é natureza. Remete à seiva, líquido que permite o transporte de água e nutrientes e equivale ao sangue nos animais. Goma é também urbanidade. É chiclete. É gíria pra “casa”, utilizada por jovens em metrópoles brasileiras e reúne a dualidade do que a Casa representa na cena cultural nacional: um lugar que resgata a memória da nossa música, ao mesmo tempo que abre espaço para o novo. Um lugar que coloca sob o mesmo teto, físico e virtual, o que há de mais ancestral junto com o que há de mais contemporâneo.
As artistas de agosto são as gêmeas Tasha Okereke e Tracie Okereke, rappers da zona norte paulistana que lançam o segundo EP, ‘Diretoria’. Em Diretoria, Tasha e Tracie continuam, assim como nos seus trabalhos anteriores, experimentando a fusão entre rap e funk do jeito delas: com rimas sobre a vivência de duas, agora, “patrícias de quebrada” e sobre sexo explícitas em cima de beats agressivos que passeiam entre drill, grime e trap, mas sem se fecharem em um gênero.
Prestes a lançar o EP ‘Diretoria’, as gêmeas Tasha e Tracie estreitam ainda mais as barreiras entre o rap e o funk putaria.
Texto: Beatriz Moura
Rap e funk são filhos de mesma mãe. Ambos originários em periferias — o primeiro, pelas mãos de imigrantes jamaicanos que se mudaram para Nova York; o segundo, em festas nos morros cariocas — os estilos têm uma raiz direta em comum: o miami bass, subgênero do hip-hop surgido nos bailes negros de Miami no final dos anos 1980 e serviu de base rítmica para o surgimento justamente do que a gente conhece hoje como o funk carioca dos anos 2000, o “pancadão”.
Apesar das ligações estilísticas e geográficas entre os dois gêneros — lembrando que o rap, quando chega ao Brasil, no final dos anos 1970, finca raízes na periferia paulistana — Tasha e Tracie acreditam que, até pouco tempo, era comum as pessoas “torcerem o nariz” quando elas soltavam algum hit de funk durante a época que discotecaram em festas de rap. “Até uns sete anos atrás, as pessoas do rolê de hip-hop eram muito ‘mente fechada’ para funk e até pro trap mesmo, principalmente os mais oldschool [ ‘velha escola’ ]” explicou Tracie Okereke em entrevista à Casa Natura Musical. Sentada ao seu lado e vestindo uma camisa do time italiano Juventus rosa estilizada, sua irmã, Tasha, concorda que hoje o meio do rap está mais aberto ao funk, principalmente depois da ascensão do trap funk e do grime. “E eu acho está muito ligada à autonomia que o avanço das tecnologias proporcionou para a gente”, concordou Tasha Okereke. “Hoje, a gente não depende tanto que um Fulano X importante naquele meio ouça o seu som e te ajude na sua caminhada. É só postar, que seu trampo vai ter 500 visualizações. Pode parecer pouco, mas são 500 pessoas que gostaram do seu trabalho e podem te levar a outros lugares”.
Gêmeas univitelinas, Tasha e Tracie Okereke começaram no rap nacional discotecando. Na verdade, mais ou menos: a dupla nascida e criada na Zona Norte paulistana tem uma trajetória um pouquinho anterior na cena paulistana. Irmãs do Bitrinho, um dos fundadores da lendária Batalha do Santa Cruz, as irmãs começaram a frequentar aquela que é uma das batalhas de rima mais importantes da cena de rap paulistana, responsável por revelar nomes como Projota, Emicida e Rashid, quando ainda eram muito jovens. Só que não necessariamente para rimar. “A gente era muito tímida nessa época. Mas foi quando conhecemos a Drik Barbosa, que incentivou muito a gente a começar o Expensive $h1t”. Leia o texto completo no site.
Pocket-Show: Goma #1
Aquecendo para o lançamento de Diretoria, Tasha e Tracie, rappers da zona norte paulistana, apresentam um pocket show no palco da Casa Natura Musical cantando “FLO JO”, “CACHORRAZ KAMIKAZE”, “Salve” e outras faixas do EP ROUFF (2019). Assista:
As gêmeas também prepararam uma playlist pra gente, selecionando os sons que não saem do fone delas nos últimos dias. Tem de Wizkid, cantor e compositor considerado um dos grandes popstars da Nigéria, até MC Magal, funkeiro de Osasco que vai do funk consciente à putaria e a levada mais pop, com referências do rap nacional como RZO e Sabotage.
Mais uma vez longe dos palcos, mas trabalhando muito para continuar conectando artistas e públicos, a Casa Natura Musical completa, em maio de 2021, quatro anos de atividade. Desde a sua inauguração, em 11 de maio de 2017, a Casa se posiciona como um espaço que se propõe a ser mais que uma casa de shows, atuando como um equipamento cultural que celebra a pluralidade da música brasileira e amplifica as vozes de artistas, coletivos e movimentos de todo o país, conectando fãs e artistas por meio da sua programação física e produção de conteúdo virtual.
Empreendimento dos sócios Paulinho Rosa (Canto da Ema), Edgard Radesca (Bourbon Street) e Vanessa da Mata, a Casa Natura Musical, nos seus quatro anos de funcionamento, já realizou mais de 400 shows que reuniram 500 artistas, trazendo um público estimado em mais de 150 mil pessoas, além de mais de 160 lives, reunindo mais de 250 artistas de Estados como Minas Gerais, Acre, Bahia, Roraima, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e o Distrito Federal, entre muitos outros.
Para comemorar seu aniversário, as lives de Afetos, série baseada em bate-papos musicais acolhedores entre artistas de diferentes cenas, foram pensadas considerando a temática do mês, Mais Que Uma Casa de Show, e focando em encontros que contrapusessem artistas de diferentes gerações e movimentos musicais.
No dia 6 de maio, Céu e Thalma de Freitas se reuniram num encontro dedicado ao Dia das Mães (o registro está no IG @casanaturamusical). No dia 13 de maio, Duda Brack e Ney Matogrosso protagonizam uma live sobre o presente e o futuro da canção brasileira. Johnny Hooker e Gaby Amarantos promovem o encontro do pop de Recife e Belém na live do dia 20 de maio. O paulista Tato, vocalista do Falamansa, recebe a pernambucana Anastácia numa live em homenagem à Rainha do Forró, que completa 81 anos este mês, no dia 27 de maio. Para fechar as comemorações, na semana do meio ambiente, Lenine conversa com Guy Marcovaldi e Neca Marcovaldi, coordenadores do Projeto Tamar, no dia 3 de junho.
Os nomes acima se associam também à pluralidade de vozes, movimentos, gerações e gêneros que já passaram pelo espaço físico da Casa Natura Musical. Alguns dos destaques ao longo desses anos são Dona Onete, Linn da Quebrada, Lia de Itamaracá, Alceu Valença, Margareth Menezes, Maria Rita, Luedji Luna, Gal Costa, Emicida, Baco Exu do Blues, João Bosco, Duda Beat, Liniker, Johnny Hooker, Clarice Falcão, Mestrinho, Silva, Rubel e Jorge Drexler, artista uruguaio e nome de destaque na música mundial.
As pautas trabalhadas tanto no palco físico quanto virtual abordam temas de profunda reflexão, como diversidade, igualdade racial, direito das mulheres, autocuidado, aceitação autocuidado e meio ambiente. Algumas lideranças dessas frentes que já participaram da programação online da Casa são os líderes indígenas e ambientalista Ailton Krenak e Sônia Guajajara, além da ambientalista Angela Mendes, filha de Chico Mendes.
Por realizar e promover eventos que se relacionam com temáticas ligadas à diversidade de gênero e corpos, a Casa recebeu, em 2020, o Selo Municipal de Direitos Humanos e Diversidade, um distintivo por incluir em suas diretrizes, propostas artísticas e canais de comunicação a diversidade e inclusão LGBTQIA+.
A Casa, que ficou conhecida por trazer para os palcos o que existe de mais diverso, inovador e relevante na música brasileira, também realizou lançamento de documentários de música, debates e festas especiais. Alguns exemplos são O Fervo, noite de lançamento do documentário de mesmo nome dirigido por Adriana Couto e que capta bastidores de um show do grupo As Baías (antiga As Bahias e a Cozinha Mineira), Tássia Reis e Liniker; o show gratuito e a céu aberto FILHXSENETXS, que reuniu Mahal Pita, Rico Dalasam e outros artistas negros com conexões ancestrais e artísticas com a Bahia e o Brasil afrodiaspórico; o lançamento do livro Quem Tem Medo do Feminismo Negro?, da filósofa Djamila Ribeiro; o show de Nego Bala seguido da exibição do documentário Da Boca do Lixo e duas ballrooms que reuniram performers, atrações musicais, batalhas de dança e mesas de debate sobre a cultura voguing. O painel de LED na fachada do espaço também abrigou exposições de artes visuais, criando diálogos entre a música e outras linguagens artísticas.
Ainda sem uma data definida para o retorno ao espaço presencial, a Casa continua apostando no poder de conexão da música, mesmo que digitalmente. Acompanhe a programação através das redes sociais e pelo site da Casa Natura Musical.
Natura Musical promove, no dia 10 de dezembro, a partir das 19h30, um talk entre Emicida, Gilberto Gil e o ambientalista e escritor Ailton Krenak, em uma conversa sobre o legado da música brasileira, o que a cultura representa na atualidade e a sua importância para a construção de um futuro mais bonito e igualitário. O bate-papo, que terá mediação de Adriana Ferreira, editora-executiva da revista Marie Claire, será seguido por um show de Emicida diretamente do palco da Casa Natura Musical, em São Paulo. A transmissão, gratuita, acontece no YouTube de Natura Musical.
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