Com curadoria de Emmanuelle de l’Ecotais, especialista no trabalho do artista e responsável por seu Catálogo Raisonée, a mostra irá ocupar o CCBB SP e será dividida em duas categorias.
A primeira trata da fotografia como um instrumento de reprodução da realidade, focando-se em seus famosos retratos – seu ateliê era uma referência entre a vanguarda intelectual que circulava pela Paris da década de 1920 -, nos ensaios para a grife de Paul Poiret e em fotos para reportagens. Já na segunda, outro lado se revela: o da manipulação da fotografia em laboratório com o intuito de criar superposições, solarizações e “rayografias”, um termo criado por Man Ray em alusão a si mesmo. Assim, portanto, ele inventa a fotografia surrealista.
O projeto da exposição prevê, ainda, reproduzir imagens da vida parisiense de Man Ray acompanhado pelos artistas que lhe foram contemporâneos e por sua musa, Kiki de Montparnasse. Além de uma programação de filmes assinados por ele, intervenções como um laboratório fotográfico, com elucidações sobre as técnicas utilizadas em sua obra, marcam a interatividade com o visitante.
Serviço: Exposição Man Ray em Paris 21 de agosto a 28 de outubro Entrada Gratuita
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo – CCBB SP Rua Álvares Penteado, 112 – Centro. São Paulo -SP (Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô) (11) 3113-3651/3652 | Todos os dias, das 9h às 21h, exceto às terças
O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo inaugura nesta quarta-feira (22) a exposição Vaivém, apresentando as redes de dormir nas artes e na cultura visual no Brasil. Com mais de 300 obras dos séculos 16 ao 21 e a participação de 141 artistas – entre eles, 32 indígenas –, a mostra tem curadoria de Raphael Fonseca, crítico, historiador da arte e curador do MAC-Niterói.
“Longe de reforçar os estereótipos da tropicalidade, esta exposição investiga as origens das redes e suas representações iconográficas: ao revisitar o passado conseguimos compreender como um fazer ancestral criado pelos povos ameríndios foi apropriado pelos europeus e, mais de cinco séculos após a invasão das Américas, ocupa um lugar de destaque no panteão que constitui a noção de uma identidade brasileira”, afirma o curador, que pesquisou o tema por mais de quatro anos para sua tese de doutorado em uma universidade pública.
Com pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos, documentos, intervenções e performances, além de objetos de cultura visual, como HQs e selos, Vaivém ocupa todos os espaços expositivos do CCBB São Paulo, do subsolo ao quarto andar, e está estruturada em seis núcleos temáticos e transhistóricos.
PERCORRENDO A EXPOSIÇÃO
Vaivém tem início com Resistências e permanências, que é apresentado no subsolo do edifício e mostra as redes como símbolo e objeto onipresente da cultura dos povos originários do Brasil. “Mesmo com séculos de colonização e até com as recentes crises políticas quanto aos direitos indígenas, elas se perpetuaram como uma das muitas tecnologias ameríndias”, diz Fonseca.
Neste núcleo, a maioria das obras é produzida por artistas contemporâneos indígenas, como Arissana Pataxó. No vídeo inédito Rede de Tucum, ela documenta Takwara Pataxó, a Dona Nega, única mulher da Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro (BA), que ainda guarda o conhecimento sobre a produção das antigas redes de dormir Pataxó, feitas com fibras extraídas das folhas da palmeira Tucum.
Carmézia Emiliano começou a pintar de maneira autodidata em Roraima. Se tornou conhecida por telas que registram o cotidiano dos indígenas Macuxi, muitas protagonizadas por mulheres, e terá expostas pinturas feitas especialmente para o projeto, além de obras mais antigas. Também da etnia Macuxi, Jaider Esbell criou para a mostra a instalação A capitiana conta a nossa história. A uma rede de couro de boi estão presos um texto de autoria do artista e uma publicação com documentos sobre as discussões em torno das áreas indígenas de seu estado.
Outro destaque é Yermollay Caripoune, que, vivendo na região do Oiapoque, entre a aldeia e a cidade, participou de poucas exposições fora do Amapá. Na série de seis desenhos que desenvolveu para Vaivém, o artista apresenta a narrativa dos Karipuna sobre a origem das redes de dormir.
O núcleo reúne ainda trabalhos de grandes nomes da arte brasileira, como fotografias dos artistas e ativistas das causas indígenas Bené Fonteles e Cláudia Andujar, e o objeto de Bispo do Rosário Rede de Socorro, uma pequena rede de tecido onde se lê o título da obra.
O segundo núcleo da exposição, A rede como escultura, a escultura como rede, tem trabalhos que mostram redes de dormir a partir da linguagem escultórica e que estão distribuídos por diferentes espaços do CCBB São Paulo, a começar pelo hall de entrada. Rede Social é uma instalação interativa do coletivo Opavivará!, com uma rede gigante que convida o público a se deitar e balançar ao som de chocalhos.
Estão neste núcleo trabalhos do jovem artista Gustavo Caboco, de Curitiba e filho de mãe indígena, e Sallissa Rosa, nascida em Goiânia e filha de pai indígena. Ele apresenta uma série de gravuras em que discute seu pertencimento e não-pertencimento às culturas ameríndias no Brasil. Ela, um vídeo criado a partir de selfies enviadas por mulheres em redes de dormir, que revela uma visão complexa sobre o lugar da mulher indígena na sociedade contemporânea brasileira.
No segundo andar do edifício estão dois núcleos. Olhar para o outro, olhar para si traz documentos e trabalhos de artistas históricos e viajantes, como Hans Staden, Jean-Baptiste Debret e Johann Moritz Rugendas, que registraram os aspectos da vida no Brasil durante a colonização. Ao lado deles, artistas contemporâneos indígenas foram convidados a desconstruir o olhar eurocêntrico dessas imagens a respeito de seus antepassados e propor novas narrativas.
Entre eles, dois do Amazonas: a pintora Duhigó Tukano, que apresenta a inédita acrílica Nepũ Arquepũ (Rede Macaco), sobre o ritual de nascimento de um bebê Tukano, e Dhiani Pa’saro, ainda pouco conhecido fora de seu estado natal, que expõe a marchetaria Wũnũ Phunô (Rede Preguiça), composta por 33 tipos de madeira e inspirada em duas variações de grafismos indígenas: o “casco de besouro” (Wanano) e o “asa de borboleta” (Ticuna).
O coletivo MAHKU (Movimento dos Artistas Huni Kuin), do Acré, criou para o CCBB São Paulo uma pintura mural que faz referência ao canto Yube Nawa Aibu, entoado para trazer força e abrir os caminhos em cerimônias tradicionais. Já Denilson Baniwá, nascido no Amazonas e residente no Rio de Janeiro, fez intervenções digitais e físicas sobre obras de artistas brancos que retrataram povos indígenas.
Em Disseminações: entre o público e o privado as redes surgem em atividades do cotidiano do Brasil colonial, como mobiliário, meio de transporte e práticas funerárias. Um dos destaques é Dalton Paula, artista afro-brasileiro de Goiás, que lança em suas pinturas um olhar sobre as narrativas a respeito da negritude no Brasil desde a colonização.
Os lugares que as redes ocupam na vida contemporânea no Brasil, em especial na região Norte, também estão pontuados nesse núcleo. Fotografias de Luiz Braga, por exemplo, exibem redes de dormir em cenas do dia-a-dia no Pará.
No terceiro andar do CCBB São Paulo, Modernidades: espaços para a preguiça, a rede passa a ser associada à preguiça, à estafa e ao descanso decorrentes do encontro entre o trabalho braçal e o calor tropical. O ponto central é ocupado por “Macunaíma” (1929), livro de Mário de Andrade. O personagem que passa grande parte da história deitado em uma rede está em obras de diferentes linguagens.
Carybé foi o primeiro artista a fazer ilustrações de Macunaíma. Um desenho pouco exibido de Tarsila do Amaral mostra o Batizado de Macunaíma. Joaquim Pedro de Andrade dirigiu o longa-metragem que, estrelado por Grande Otelo, completa 50 anos em 2019, e os cartunistas Angelo Abu e Dan X adaptaram a história em quadrinhos.
No quarto andar está o núcleo Invenções do Nordeste. Nele foram reunidas obras que transformam em imagens mitos a respeito da relação entre as redes e esta região do país, além de trabalhos em que elas surgem como símbolo de orgulho local e de sua potente indústria têxtil. Destaque para uma série de fotografias de Maurren Bisilliat pelo sertão nordestino e as cerâmicas de Mestre Vitalino que retratam grupos de pessoas enterrando entes dentro de redes.
Também no último andar do edifício, uma homenagem a Tunga. O artista que inaugurou o CCBB São Paulo, em abril de 2001, retorna à instituição 18 anos depois. A instalação Bells Falls ganha uma nova versão e é apresentada ao lado dos registros fotográficos da performance “100 Rede”, realizada em 1997 na Avenida Paulista.
Vaivém fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo até 29 de julho. A exposição será também exibida nos CCBB de Brasília (setembro/2019), Rio de Janeiro (dezembro/2019) e Belo Horizonte (março/2020).
Serviço
Local: Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo Endereço: Rua Álvares Penteado, 112 – Centro Período da visitação: 22 de maio a 29 de julho de 2019 – Entrada gratuita Horário: Todos os dias, das 9h às 21h, exceto terças Telefone: (11) 3113-3651 Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e Restaurante | Loja Clientes do Banco do Brasil têm 10% de desconto com Cartão Ourocard na cafeteria, restaurante e loja
Estacionamento conveniado: Estapar Rua Santo Amaro, 272 Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô Valor: R$ 15 pelo período de 5 horas É necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB ccbbsp@bb.com.br | bb.com.br/cultura| twitter.com/ccbb_sp | facebook.com/ccbbsp | instagram.com/ccbbsp
Maio, mais conhecido como o mês das mães e das noivas, além de trazer dias mais frios, pode ser muito bem aproveitado graças a uma diversidade de atrações que a cidade de São Paulo pode oferecer! Veja, a seguir, 5 opções para você aproveitar!
Virada Cultural
A Virada Cultural acontece nos dias 18 e 19 de maio. O evento é um dos mais aguardados do ano, trazendo muita cultura, música e arte, em vários pontos da cidade, de forma gratuita.
A Galeria Arte Aplicada em parceria com o Consulado da Argentina, apresenta a exposição Depois da arquitetura, da artista argentina Luciana Levinton. Com curadoria de Lara Marmor, a mostra inédita é uma homenagem à arquiteta, desenhista, colecionadora de objetos e artista Lina Bo Bardi.
Quando: de 4 a 18 de maio, de segunda a sexta, das 10h às 19h. Sábados, das 10h às 14h.
Onde: Galeria Arte Aplicada – Rua Haddock Lobo, 1406
Oscar Niemeyer (1907-2012) – Territórios da Criação
Em celebração aos 110 anos de nascimento do arquiteto Oscar Niemeyer, acontece a exposição Oscar Niemeyer (1907-2012) – Territórios da Criação, reunindo um conjunto inédito de desenhos, pinturas, esculturas e peças de mobiliário. Além das obras do artista, a mostra traz obras de artistas que trabalharam com ele em seus famosos projetos, como Alfredo Volpi, Athos Bulcão, Burle Marx, Tomie Ohtake, entre outros.
Quando: até o dia 19 de maio, de terça a domingo, das 11h às 20h
Onde: Instituto Tomie Ohtake – Rua Coropés, 88, Pinheiros
Museum of Me – Um mergulho em sua alma digital
A instalação está em cartaz no saguão do Edifício Banco do Brasil e trata-se de uma experiência digital, que cria um compilado de 1 minuto, com as imagens compartilhadas pelo usuário em suas redes sociais.
Quando: até o dia 27 de maio, de terça a domingo, das 10h às 18h
Onde: MuBE – Rua Alemanha, 221, Jd. Europa
Festival da Batata, Bacon e Cogumelos do Espaço As Meninas
Esse evento é para você, amante de uma boa gastronomia que inclui batata, bacon, shimeji e shitake. O festival, que acontecerá no Espaço as Meninas, trará diversas receitas criadas a partir desses ingredientes.
Quando: dia 19 de maio, das 12h às 19h
Onde: Rua Joaquim Távora, 605 – Vila Mariana
Não perca a oportunidade de aproveitar tudo o que SP tem de melhor!
Confira, a seguir, 5 sugestões de exposições em cartaz em São Paulo, para fazer um programa mais cultural e diferenciado em meio a uma cidade tão repleta de opções de entretenimento.
Djanira: a memória de seu povo – MASP
A artista Djanira da Motta e Silva destacou-se por seu trabalho, que se alinha com a segunda etapa do Modernismo brasileiro. Seu trabalho vai desde pintura a óleo até azulejaria e gravura. Com trabalhos realizados entre os anos de 1940 e 1970, a exposição Djanira: a memória de seu povo, em cartaz no MASP, traz sua obra em forma de retratos e autorretratos e religiosidade afro-brasileira, entre outras.
MASP – Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo – SP
Quando: até o dia 19 de maio.
Paul Klee – Equilíbrio Instável – CCBB
O CCBB reúne, pela primeira vez na América Latina, em uma mesma exposição, mais de 100 obras do artista suíço Paulo Klee, que, embora tenha experimentado diversos movimentos de vanguarda, nunca foi enquadrado em nenhum, especificamente. A mostra, que além de São Paulo, também passa pelo Rio de Janeiro e Belo Horizonte, conta com pinturas, papéis, gravuras, fantoches e objetos pessoais de Klee.
CCBB SP – R. Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo – SP
Quando: até o dia 29 de abril
Taswir – A fotografia árabe contemporânea – Instituto Tomie Ohtake
Pela primeira vez na América do Sul, uma exposição reúne um recorte do acervo de fotografia do Institut du Monde Arabe – IMA, de Paris. Os artistas e as obras selecionadas integraram a 2ª Bienal de Fotografia do Mundo Árabe e a exposição Cristãos do Oriente – 2.000 anos de história (IMA), ambas realizadas na capital francesa em 2017 e 2018 respectivamente.
Instituto Tomie Ohtake – Av. Brigadeiro Faria Lima, 201, Pinheiros, São Paulo – SP
Quando: até o dia 28 de abril
Tarsila Popular – MASP
A exposição, que tem o objetivo de questionar a visão que frequentemente associa Tarsila do Amaral à tradição modernista europeia de forma isolada, traz em cerca 120 trabalhos, uma abordagem mais popular da artista. A mostra buscará enfatizar, nos trabalhos, os personagens, temas e narrativas, especialmente em relação a questões sociais, políticas, raciais e de classe, bem como chamar atenção para as aproximações com a arte popular.
MASP – Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo – SP
Quando: do dia 5 de abril ao dia 28 de julho
SP – Arte 2019 – MAC Ibirapuera – Pavilhão Bienal
Até o dia 7 de abril, o Pavilhão da Bienal recebe a 15ª edição da SP-Arte – Festival Internacional de Arte de São Paulo. O evento conta com a participação de galerias, instituições e artistas consagrados no mercado de arte e design e é o mais importante evento do setor na América Latina. Diversos expositores de várias regiões do Brasil e do mundo passarão pela exposição até seu encerramento. Novos curadores, encontros com artistas e a participação de instituições renomadas estão entre as novidades da edição. Além das várias mostras, o evento traz talks, que são ciclos de debates com especialistas, curadores e outros profissionais que atuam na área, além do meet the artists, através do qual o público tem a oportunidade de interagir com os artistas, e visitas guiadas gratuitas para quem quiser saber mais sobre aquilo que está exposto.
Parque do Ibirapuera – Portão 3 – Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, Sul – São Paulo – SP
Quando: até o dia 7 de abril
Aproveite para anotar as dicas e tenha um ótimo passeio cultural por São Paulo!
Sucesso desde o primeiro dia da abertura, em 13 de fevereiro, Paul Klee – Equilíbrio Instável tem lotado as salas do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Até o momento, o espaço já recebeu 67.710 visitantes. A exposição reúne obras do acervo do Zentrum Paul Klee, de Berna, na Suíça, cujo prédio é desenhado pelo arquiteto italiano Renzo Piano (Pritzker Prizer, em 1998). A instituição é responsável por zelar pelo trabalho do suíço e reúne mais de 4 mil obras produzidas pelo artista.
A vinda dos 120 trabalhos de Klee ao Brasil é patrocinada pelo Banco do Brasil e pela BB Seguros. Tem ainda o apoio da Cateno. A organização e produção do projeto é da Expomus, por meio da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. A exposição faz parte de um programa encampado pelo CCBB e que dá acesso ao público brasileiro, de forma gratuita e altamente qualificada, a grandes acervos e coleções de arte nacionais e internacionais.
Entenda porque a retrospectiva inédita do artista suíço no Brasil é um programa obrigatório para quem busca entender as origens dos movimentos contemporâneos na arte dos séculos XIX e XX.
1.Raríssima oportunidade de ver a obra de Paul Klee no Brasil
Além da retrospectiva com 123 obras que está sendo exibida gratuitamente no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo e depois segue para Rio e Belo Horizonte, a obra de Paul Klee esteve no Brasil em raríssimas oportunidades. Na 2ª Bienal de São Paulo, em 1953, o mesmo ano em que “Guernica” (1937), de Pablo Picasso (1881-1973) foi vista por aqui, Klee fez parte de uma das representações estrangeiras mais famosas da história.
A exposição foi um marco histórico mundial pela numerosa seleção de artistas estrangeiros, entre eles, o fundador da escola alemã Bauhaus, Walter Gropius (1883-1969), o holandês Piet Mondrian (1872-1944) e o americano Alexander Calder (1898-1976) além de uma sala inteiramente dedicada a 69 obras do ícone expressionista Edvard Munch (1863-1944). A representação francesa no evento proporcionou ao público brasileiro o contato com obras dos protagonistas do cubismo, Pablo Picasso e Georges Braque (1882-1963), além de Robert Delaunay (1885-1941) e Marcel Duchamp (1887-1964). A delegação italiana, por sua vez, destacou-se pela seleção de seus principais artistas futuristas, entre eles, Giorgio Morandi (1890-1964).
2. Professor na Bauhaus
Enquanto Paul Klee se consolidava na cena artística na década de 20 com exposições e livros sobre seus trabalhos, o suíço buscou empregos em escolas de arte a fim de estabilizar sua situação financeira. Depois de tentar, em vão, uma vaga na Academia de Stuttgart, o artista foi convidado a lecionar por Walter Gropius, criador da recém-aberta Bauhaus, em Weimar, na Alemanha. A Bauhaus tinha como objetivo eliminar a separação entre as disciplinas artísticas ao se voltar para o artesanato e criar, por meio de um design exemplar, novos objetos e espaços para uma sociedade futura mais humana e socialmente mais justa.
Klee era inexperiente como professor e em suas primeiras aulas passou de costas pela porta e sem olhar para os alunos, se virou para a lousa e começou a desenhar e falar. No primeiro semestre de 1921, ele ministrou “Prática de composição”, tema em que podia abordar questões sobre composição da imagem e dos elementos pictóricos a partir de seus próprios trabalhos. Com o tempo, passou a preparar suas aulas minuciosamente.
Seu curso de teoria da forma era obrigatório no ciclo básico, ao lado do curso sobre cores de Wassily Kandinsky (1866-1944) e do curso introdutório de Johannes Itten, mais tarde ministrado por Josef Albers (1888-1976).
3. “Riscado da lista”
Na década de 30, Paul Klee aceitou um convite da Academia de Artes de Düsseldorf para trabalhar em um ateliê na cidade. Dada a situação política efervescente, o artista foi atacado pelo jornal do partido nazista chamado Rote Erde, que o acusou de ser judeu na Galícia e teve a sua casa revistada. Em abril de 1933, ele foi dispensado de suas atividades na Academia para alguns meses depois fugir para Berna com a esposa Lily e o gato Bimbo.
Neste mesmo ano, pinta a tela “Riscado da Lista”, um rosto desfigurado com um X, o que expressa seu total descontentamento com a situação que vivia. Em 1937, participa da exposição “Arte Degenerada”, em que foram reunidos 650 trabalhos de arte moderna que tinham sido anteriormente confiscados de museus, classificados como “arte decadente judaica” e “monstruosidades da loucura, do atrevimento, da incapacidade e da degeneração”.
4. Paixão pelas cores em viagem à Tunísia
Depois de visitar Paris no início da década de 10 e conhecer Wassily Kandinsky e Franz Marc, do Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), do qual ele fez parte ao integrar uma mostra do grupo, Paul Klee viajou para a Tunísia, na África, em 1914. Junto com amigos – o suíço Louis Moilliet (1880-1962) e o alemão August Macke (1887-1962) -, o artista provoca uma grande transformação em sua produção e o desenvolvimento em direção ao campo de cor foi incrementado.
Em suas aquarelas, muitas produzidas localmente, o artista se concentrava em temas de paisagem e da arquitetura. Ele chamou os trabalhos, sob a luz ofuscante da África, de um instante de iluminação artística. “A cor me possui. Não preciso buscá-la. Ela me possui para sempre, sei disso. Eis o significado da hora da felicidade: eu e a cor somos um. Sou pintor”, diz.
5. O fascínio provocado por “Angelus Novus”
Admirador do trabalho de Paul Klee desde a década de 10, o filósofo Walter Benjamin (1892-1940) ganhou de sua mulher Dora, em 1920, a pintura “Vorführung des Wunders” (“A apresentação do milagre”, 1916). Alguns anos depois, Benjamin compra do galerista Hans Goltz, por 1000 francos, a obra “Angelus Novus”. O nome do desenho aquarelado (o original se encontra em Jerusalém) batiza a revista de crítica que ele pretendia dirigir em 1921. Desde então, o anjo será evocado regularmente em seus escritos e cartas.
O anjo recebe atenção especial depois que Benjamin o adquire. Em 1933, quando foi necessário se exilar, por conta da ascensão do nazismo, separa-se dele pela primeira vez. Em 1935, uma amiga o leva a seu encontro em Paris. Perseguido, tira o desenho da moldura e o coloca numa valise juntos aos escritos que queria salvar. Deixa textos e “Angelus Novus” com o escritor e filósofo Georges Bataille (1897-1962), que esconde o material até o final da Segunda Guerra Mundial. Com o suicídio de Benjamin em 1940, a obra é alvo de disputas até encontrar sua morada definitiva em Jerusalém, em 1972. Um fac-símile da obra “Angelus Novus” faz parte do acervo de mais de 120 obras que desembarcaram no Brasil para a exposição Paul Klee – Equilíbrio Instável.
6. A derradeira obra
A última fase criativa de Paul Klee foi marcada pelo seu estado de saúde muito precário. No final de 1935, o artista foi acometido pela esclerodermia, doença autoimune rara, que endurece os tecidos conjuntivos, a pele e os órgãos internos. Apesar disso, nos seus últimos anos de vida, produziu mais de 1.200 trabalhos. A derradeira obra foi pintada em 1940 e encontrada em seu cavalete sem ter sido nomeada – não deu tempo. Klee batizou todas as suas obras. Muitas vezes a relação entre o título e a imagem gera uma leitura irônica. O artista se considerava observador e seus títulos eram uma tentativa interpretativa do que estava sendo ou o que já havia sido produzido.
A obra sem título é uma síntese do trabalho do artista moderno, que nunca se enquadrou em nenhum movimento artístico: a tela apresenta traços do cubismo, do surrealismo, do abstracionismo e também do expressionismo. Disposta na ala das últimas obras produzidas pelo suíço, o óleo sobre tela mede 1m por 80,5 cm.
7. Os fantoches e a paixão por teatro
Paul Klee era fascinado pelo mundo do teatro e da ópera e frequentava espetáculos e apresentações circenses com regularidade. O universo das personagens o interessava e como observador atento, ele se divertia registrando criticamente as poses das pessoas ao seu redor, traduzindo-as para a linguagem visual das expressões faciais.
Entre 1915 e 1925, o artista produziu fantoches para o filho Felix Klee. Alguns correspondiam às personagens tradicionais do teatro popular de bonecos e outros eram inventados. Ele criava as cabeças e as roupas a partir de restos de tecidos velhos e materiais simples que ele encontrava em casa, como carreteis de linha, tomadas e ossos de boi fervidos. Deixava para o filho a tarefa de manipular os objetos, que entretinha a família e amigos com seu talento cômico. Mais tarde, Felix se tornaria diretor de ópera.
8. A música clássica como trilha sonora da vida
Paul Klee tocou violino. Criado em um ambiente em que a cultura fazia parte do cotidiano da família – o artista vivia cercado por estímulos. A avó materna despertou seu prazer pelo desenho. Ao mesmo tempo, o pai Hans Klee dava aulas de piano e órgão, além de canto e violino. Ao final do período escolar, não foi fácil para o jovem escolher sua profissão. Particularmente, ele pendia para a música, mas receava não ter o virtuosismo necessário para ser violinista.
Em uma das salas da exposição Paul Klee – Equilíbrio Instável, vê-se uma foto do jovem Klee tocando violino com outros músicos e a sala é sonorizada aos suaves acordes de Johann Sebastian Bach (1685-1750), Giuseppe Tartini (1692-1770), Joseph Haydn (1732-1809), Wolfgang Amadeus Mozart ( 1756-1791), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Franz Schubert ( 1797-1828) e Max Reger (1873-1916).
9. Desenhos de infância
A avó Anna Catharina Rosina Frick despertou muito cedo em Paul Klee o prazer de desenhar e preservou o uso da mão esquerda pelo neto. Posteriormente, o artista definiu estes seus primeiros desenhos como ilustrações de cenas e contos fantásticos. Já adulto, em 1911, o artista decidiu organizar os seus trabalhos na forma de um catálogo manuscrito de obras, que abrangia retrospectivamente aquelas que correspondiam a suas exigências artísticas. Ele reconheceu em seus desenhos de infância – assim como em registros visuais arcaicos – uma naturalidade da expressão pictórica e da redução ao essencial que ele almejou em sua criação artística. Ciente disso, incluiu alguns destes desenhos de infância no seu catálogo de obras.
10. Quando o papel é a estrela do acervo
Paul Klee era um desenhista extremamente talentoso, que permaneceu fiel ao seu lema “nulla dies sine liena” (nenhum dia sem linha) durante a vida inteira. Cerca de 80% do que produziu foi registrado em papel e a mostra Paul Klee – Equilíbrio Instável apresenta uma grande quantidade de desenhos feitos pelo artista. Na seção Anjos, da mostra, há uma grande quantidade de exemplares de obras desenhadas. Em seus mundos imagéticos representados em múltiplas camadas, ele combinava diversas esferas de realidade e abstração. Dessa maneira, ele ampliava seu imaginário, abrigando também os mais diferentes tipos de criaturas. Desde 1920, o tema do anjo — figuras celestes aladas, de formas antropomórficas — aparece repetidas vezes em sua obra.
A partir de 1938, ele criou uma série avulsa de mais de 40 representações de anjos. Neles, o artista sobrepunha traços humanos e sobre-humanos, definindo-os nos títulos como inacabados, feios ou esquecidos. Nesse campo de transição existencial entre o humano e o sobrenatural, o estado angelical completo ainda não havia sido alcançado.
Serviço
Paul Klee – Equilíbrio Instável | Centro Cultural Banco do Brasil Curadoria: Fabienne Eggelhöfer CCBB São Paulo: 13/02/2019 a 29/04/2019 CCBB Rio de Janeiro: 15/05/2019 a 12/08/2019 CCBB Belo Horizonte: 28/08/2019 a 18/11/2019 Entrada gratuita.
Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo, SP Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô (11) 3113-3651/3652 | Todos os dias, das 9h às 21h, exceto às terças Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e restaurante | Loja Estacionamento conveniado: Estapar – Rua Santo Amaro, 272 Valor: R$ 15 pelo período de 5 horas (é necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB) Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô.
A cidade de São Paulo é conhecida por ter uma grande variedade de atrações para todos os tipos de gostos: as opções de lazer são muitas e não seria diferente no que diz respeito à arte. Se você está à procura de museus para visitar, a seguir, trazemos uma lista com 11 sugestões! Confira!
MASP
Considerado uma das mais importantes instituições culturais de arte, o Museu de Arte de São Paulo encontra-se na Avenida Paulista desde 7 de novembro de 1968. Um dos destaques do local é seu acervo permanente, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1969. Atualmente, ele conta com cerca de 8 mil peças.
Endereço: Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo – SP
Museu Catavento
O Catavento Cultural e Educacional foi inaugurado em 2009, com objetivo de dedicar-se às ciências e sua divulgação. Está localizado no Palácio das Indústrias, em São Paulo e conta com 4 seções: Universo, Vida, Engenho e Sociedade, onde, entre outras subseções, você pode aprender mais sobre a História da Astronomia, fazer uma viagem pelo fundo do mar, através de imagens interativas, saber mais sobre o universo da ótica, além de ver como funciona um estúdio de TV, entre outras coisas.
Endereço: Avenida Mercúrio, Parque Dom Pedro II, s/n – Brás, SP
CCBB
O Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo ocupa o prédio construído em 1901 na Rua Álvares Penteado, 112, esquina com a Rua da Quitanda. Situado no coração histórico da cidade, numa via exclusivamente de pedestres, o prédio foi inteiro reformado para receber o CCBB, mantendo os elementos originais, que foram restaurados. Entre as atrações, você poderá encontrar uma irresistível programação teatral, cinema, artes visuais, música, entre outros.
Endereço: R. Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo – SP
IMS
O Instituto Moreira Salles é uma importante instituição na cultura do Brasil. Possui relevantes patrimônios em quatro áreas: Fotografia, em mais larga escala, Música, Literatura e Iconografia. Destaca-se também por promover exposições de artes plásticas de artistas brasileiros e estrangeiros. O IMS, além de catálogos de exposições, livros de fotografia, literatura e música, publica regularmente as revistas ZUM, sobre fotografia contemporânea do Brasil e do mundo, de frequência semestral, e serrote, de ensaios e ideias, quadrimestral.
Endereço: Avenida Paulista, 2424 – Consolação, São Paulo – SP
Sala São Paulo
O edifício da Estrada de Ferro Sorocabana é hoje o reduto da Sala São Paulo, sede da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e uma das mais importantes casas de concertos e eventos do País. Sua programação conta com importantes concertos, que acontecem em diversos períodos, sendo, aos domingos, apresentações gratuitas da OSESP, além das orquestras parceiras.
Endereço: Praça Júlio Prestes, 16 – Campos Elíseos, São Paulo – SP
Instituto Tomie Othake
O Instituto Tomie Ohtake é um centro cultural localizado na cidade de São Paulo. Inaugurado em novembro de 2001, encontra-se na região da Avenida Brigadeiro Faria Lima. O edifício, com traços futuristas, foi projetado pelo filho de Tomie Ohtake, Ruy Ohtake. Conta com exposições, além de atividades como rodas de conversa e debates.
Endereço: Rua Coropé, 88 – Pinheiros – São Paulo, SP
Instituto Itaú Cultural
O Instituto Itaú Cultural, concebido por Olavo Egydio Setúbal, tem como objetivo o mapeamento de manifestações artísticas e incentivar a pesquisa e a produção artísticas e teóricas relacionadas aos mais diversos segmentos culturais. Conta com uma variedade de atividades em sua programação, entre elas, teatro e exposições, além de cursos para quem quer se especializar em determinadas áreas, como Gestão Cultural, por exemplo.
Endereço: Avenida Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo – SP
Museu do Futebol
O Museu do Futebol é um espaço destinado à história do futebol no Brasil, localizado numa área de 6.900 m² no avesso das arquibancadas do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho – o Pacaembu. Foi inaugurado em 29 de setembro de 2008 e é um dos museus mais visitados do país. A exposição principal conta com 15 salas temáticas, que narram de forma lúdica a forma como o esporte mais amado do país chegou por aqui.
Endereço: Praça Charles Miller, s/n – Pacaembu, São Paulo – SP
Museu do Ipiranga
O edifício histórico localizado no Parque da Independência, conhecido pelo nome de Museu do Ipiranga, é uma instituição científica, cultural e educacional com atuação no campo da História e cujas atividades têm, como referência permanente, um acervo, que, com curadoria, reúne e amplia coleções, feitas por intermédio de doações, aquisições ou coleta de campo, sua conservação física, seu estudo e documentação bem como a comunicação, seja do acervo, seja do conhecimento que ele permite gerar, através de exposições, cursos, programas educativos e publicações.
Endereço: Rua Brigadeiro Jordão, 149 – Ipiranga – São Paulo, SP
Casa das Rosas
A Casa das Rosas é um casarão no estilo clássico francês, localizado na Avenida Paulista. Dedica-se a diversas manifestações culturais, com enfoque em literatura e poesia, na cidade de São Paulo. É um dos edifícios remanescente da época da ocupação inicial de uma das principais vias da cidade. Sua programação conta com exposições, workshops, além de o espaço em si ser muito convidativo, já que conta com estrutura imponente e clássica.
Endereço: Avenida Paulista, 37 – Paraíso, São Paulo – SP
Museu da Imigração
O Museu da Imigração do Estado de São Paulo é uma instituição pública vinculada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Localiza-se na sede da extinta Hospedaria dos Imigrantes, na Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no tradicional bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. Conta com exposições de longa duração, temporárias, itinerantes, além da exposição virtual, em programação que objetiva conscientizar e informar sobre nossas origens, de forma moderna e didática.
Endereço: R. Visconde de Parnaíba, 1316 – Mooca, São Paulo – SP
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