Mirante 9 de Julho recebe exposição Arte Vidalazer – Reimaginando o Existir


Créditos: Divulgação


A partir de 28 de abril, o Mirante 9 de Julho recebe a exposição Arte Vidalazer – Reimaginando o Existir, do artista Bukuritós Aruanda. A mostra traz diversas pinturas a óleo e ações interativas, como o projeto itinerante Retire um Folheto, que disponibilizará 490 obras originais para que o público possa retirar no espaço.

Até o dia 16 de junho, todos os frequentadores do Mirante terão acesso gratuito às obras, que retratam o universo de personagens contemplativos em meio ao caos das grandes cidades, tema que o artista Bukuritós Aruanda tem explorado em discussões e provocações pelo Brasil e Europa.

Créditos: Divulgação

Para marcar a abertura da exposição, no domingo, 28 de abril, das 13h às 15h, o artista comandará a “Vestigia Pedis”, uma performance-ritual que oferecerá ao público um lava-pés preparado com ervas e corantes especiais, que formarão uma pintura com todas as pegadas que passarem pelo ritual. A atividade será gratuita e aberta a todos.

Serviço:

Arte Vidalazer – Reimaginando o Existir

Quando: 28 de abril a 16 de junho

Horário: terça a domingo, das 10h às 22h

Cerimônia de abertura: 28 de abril, das 13h às 15h

Onde: Mirante 9 de Julho – Rua Carlos Comenale, s/n – Bela Vista – São Paulo/SP

Entrada gratuita

MAM anuncia a lista de artistas para seus clubes de fotografia e gravura


Créditos: José Rufino


O Museu de Arte Moderna de São Paulo anuncia as listas de artistas para 2019 em seus clubes de colecionadores de fotografia e gravura. A iniciativa, criada para fomentar o colecionismo e incentivar a produção artística brasileira, dá direito aos sócios de cada clube de receberem cinco obras comissionadas pelo MAM para cada edição.

Além de adquirirem essas coleções de fotografias e/ou gravuras, os sócios contribuem para a ampliação da coleção do próprio museu, já que as obras são também incorporadas ao acervo do MAM.

Créditos: Rubem Grilo

Confira abaixo os nomes selecionados para o ano. A curadoria é de Eder Chiodetto (fotografia) e Felipe Scovino (gravura).

Fotografia

Elza Lima

Gisela Motta e Leandro Lima

Sara Ramo

Walter Carvalho

Nuno Ramos

Gravura

Claudio Tozzi

Matheus Rocha Pitta

Yuri Firmeza

Barrão

José Roberto Aguilar

As obras são produzidas em tiragens de 100 exemplares. Ao se associar aos clubes, os participantes passam a fazer parte também do programa de sócios do MAM, na categoria cultura, com benefícios como visitas guiadas às exposições do MAM e a acervos e exposições em outras instituições culturais, palestras com curadores, críticos ou artistas e cursos exclusivos, entre outras.

Para mais informações sobre os clubes e inscrições, acesse: http://mam.org.br/clube-de-colecionadores

Exposição: O amor se faz revolucionário de Anna Maria Maiolino


Créditos: Divulgação


De 29 de março a 9 de junho de 2019, o PAC Padiglione d’Arte Contemporanea, em Milão, apresenta a mais ampla retrospectiva da artista ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino, a primeira em uma instituição pública italiana.

Inspirando-se no imaginário cotidiano feminino e na experiência de uma ditadura de opressão e censura – a do Brasil nos anos 70 e 80 -, Maiolino desenvolveu uma trajetória com obras ricas em energia vital, que mesclam a criatividade italiana com a experimentação da vanguarda brasileira em um estilo inconfundível e inimitável.

Créditos: Divulgação

Atravessada pelo tema do amor por suas origens, sua família, sua terra de adoção e seu trabalho, a obra de Maiolino investiga as relações humanas, as dificuldades comunicativas e de expressão, trilhando o limite tênue entre a materialidade e uma esfera espiritual mais íntima.

Com uma seleção de mais de 300 obras da artista, desde os primeiros desenhos até as últimas criações, a exposição inclui também pinturas em grandes dimensões dos anos 1990, nunca exibidas antes, e obras dos mais importantes museus brasileiros, como o MAM do Rio de Janeiro, o MASP e a Pinacoteca do Estado de São Paulo. Desenhos, pinturas, esculturas, fotografias, vídeos e instalações – entre as quais um site-specific feito inteiramente de argila – contam uma história artística que começou no início dos anos 1960 e segue vital e fértil hoje, capaz de influenciar muitos artistas das novas gerações.

Promovida pelo Município de Milão e produzido pelo PAC com Silvana Editoriale, a exposição será apresentada em Londres, em setembro de 2019, graças à colaboração com a Whitechapel Gallery.

Serviço

Exposição individual com curadoria de Diego Sileo

PAC Padiglione d’Arte Contemporanea

29 de março a 9 de junho, 2019

Performance

Sexta-feira, 05 de abril, 19h por ocasião da Art Week de Milão

Felippe Moraes estreia exposição imersiva Solfejo no Centro Cultural Fiesp


Créditos: Divulgação


Redes de deitar que badalam sinos; camas com tubos que emitem sons harmônicos; um neon com um verso da música Divino Maravilhoso, de Caetano Veloso, e um cheiro de alecrim que remete à canção Tanto Mar, de Chico Buarque, integram a exposição Solfejo, que estreia no Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp no dia 3 de abril. Trata-se de uma reunião de 29 peças, entre obras e instalações de Felippe Moraes, sendo 13 delas inéditas e criadas especialmente para a mostra. O público pode conferir as obras gratuitamente até o dia 30 de junho.

A nova mostra de Moraes, artista que atualmente reside em Portugal, onde faz doutorado pela Universidade de Coimbra, exibe um recorte de sua produção artística, que lida com noções de som e música. Formada por obras inéditas e outras já consagradas em seu repertório, a exposição apresenta trabalhos de grande porte, com estruturas de aço e processos técnicos, como afinação acústica e construções especializadas.

O nome Solfejo é uma referência à escala tonal, representada pela partitura, as imagens que possibilitam ao estudante “ler” a música que será executada – proposta que coincide com os objetivos de Felippe Moraes. “Os trabalhos são dispositivos para mostrar coisas que acontecem, mas não são vistas”, explica.

O artista, que também assina a expografia, cenografia e design gráfico da mostra, trabalha com diversos materiais dependendo da necessidade poética de cada projeto. “Domino as ferramentas digitais e executo as obras em seguida, ou as terceirizo, como no caso das peças inéditas de Solfejo”, adianta.

A pluralidade de materiais e recursos usados nas obras faz com que Solfejo proponha o máximo de experiências sensoriais com obras imersivas, como Intervalo Harmônico, formada por camas com tubos sonoros nas laterais que emitem pares de notas musicais harmônicas entre si; e Composição Aleatória, uma sequência de oito redes de descanso que, ao serem movimentadas, acionam o som de um sino – obra que reforça a importância do indivíduo num contexto de coletividade e permite a composição de uma música em grupo.

Destaque para a instalação olfativa Tanto Mar permite que o visitante sinta uma essência de alecrim por todo o espaço expositivo. Título homônimo ao da música composta por Chico Buarque, em 1975, faz referência ao trecho específico “manda urgentemente algum cheirinho de alecrim”. A canção faz menção à Revolução dos Cravos, que aconteceu em Portugal no mesmo período em que o Brasil passava pela ditadura militar.

Já a série Desenho Sonoro, criada em 2014, registra o efeito causado pela vibração de diferentes sons sobre uma placa de metal com areia. Os padrões foram captados pelo próprio artista em uma série de fotografias em grande escala.

A programação ainda conta com oficinas, visita guiada com o artista e debate ao longo do período expositivo. As informações sobre essas atividades serão divulgadas em breve, no site do Centro Cultural Fiesp.

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Ciência, natureza e espiritualidade

O artista conta que sua produção se direciona para temas que unem ciência, natureza e espiritualidade: “Eu lido com o que nos ultrapassa, com o que não tem um vocabulário específico para se descrever”. Sobre esse aspecto da sua obra, Felippe Moraes complementa que o que o interessa é a relação íntima entre a sua prática artística, a razão e o espiritual, visto que esses campos estão lidando com os grandes mistérios do universo e que, a partir do momento em que a ciência não dá conta de determinados fenômenos, emerge uma transcendência com narrativas mitológicas, religiosas e outros recursos que procuram dar sentido ao que não tem resposta.

“A espiritualidade está sempre um passo adiante na tentativa de criar explicações para o que o conhecimento racional ainda não responde – um alimenta o outro e ambos também se confrontam”, diz o artista. Para ele, Solfejo lida justamente com o revelar dos padrões invisíveis, com o que acontece ao redor, mas não é percebido. “A revelação desses fenômenos abre a percepção para experiências sensoriais, transcendentais e mitológicas”, completa.

Para o artista, que comemora este ano 10 anos de carreira, a mistura de obras do passado e do presente cria novas compreensões sobre os trabalhos mais antigos e estes acabam por alimentar os mais recentes.

Serviço:
Exposição Solfejo
Período: 3 de abril a 30 de junho
Horários: terça a sábado, das 10h às 22h, e domingos, das 10h às 20h
Local: Espaços de Exposições do Centro Cultural Fiesp (av. Paulista, 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Classificação indicativa: livre
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Mais informações em  http://www.centroculturalfiesp.com.br

10 motivos para não perder a exposição inédita de Paul Klee no CCBB


Créditos: Divulgação


Sucesso desde o primeiro dia da abertura, em 13 de fevereiro, Paul Klee – Equilíbrio Instável tem lotado as salas do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo. Até o momento, o espaço já recebeu 67.710 visitantes. A exposição reúne obras do acervo do Zentrum Paul Klee, de Berna, na Suíça, cujo prédio é desenhado pelo arquiteto italiano Renzo Piano (Pritzker Prizer, em 1998). A instituição é responsável por zelar pelo trabalho do suíço e reúne mais de 4 mil obras produzidas pelo artista.

A vinda dos 120 trabalhos de Klee ao Brasil é patrocinada pelo Banco do Brasil e pela BB Seguros. Tem ainda o apoio da Cateno. A organização e produção do projeto é da Expomus, por meio da Lei de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet. A exposição faz parte de um programa encampado pelo CCBB e que dá acesso ao público brasileiro, de forma gratuita e altamente qualificada, a grandes acervos e coleções de arte nacionais e internacionais.

Entenda porque a retrospectiva inédita do artista suíço no Brasil é um programa obrigatório para quem busca entender as origens dos movimentos contemporâneos na arte dos séculos XIX e XX.

1.Raríssima oportunidade de ver a obra de Paul Klee no Brasil

Além da retrospectiva com 123 obras que está sendo exibida gratuitamente no Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo e depois segue para Rio e Belo Horizonte, a obra de Paul Klee esteve no Brasil em raríssimas oportunidades. Na 2ª Bienal de São Paulo, em 1953, o mesmo ano em que “Guernica” (1937), de Pablo Picasso (1881-1973) foi vista por aqui, Klee fez parte de uma das representações estrangeiras mais famosas da história.

A exposição foi um marco histórico mundial pela numerosa seleção de artistas estrangeiros, entre eles, o fundador da escola alemã Bauhaus, Walter Gropius (1883-1969), o holandês Piet Mondrian (1872-1944) e o americano Alexander Calder (1898-1976) além de uma sala inteiramente dedicada a 69 obras do ícone expressionista Edvard Munch (1863-1944). A representação francesa no evento proporcionou ao público brasileiro o contato com obras dos protagonistas do cubismo, Pablo Picasso e Georges Braque (1882-1963), além de Robert Delaunay (1885-1941) e Marcel Duchamp (1887-1964). A delegação italiana, por sua vez, destacou-se pela seleção de seus principais artistas futuristas, entre eles, Giorgio Morandi (1890-1964).

2. Professor na Bauhaus

Enquanto Paul Klee se consolidava na cena artística na década de 20 com exposições e livros sobre seus trabalhos, o suíço buscou empregos em escolas de arte a fim de estabilizar sua situação financeira. Depois de tentar, em vão, uma vaga na Academia de Stuttgart, o artista foi convidado a lecionar por Walter Gropius, criador da recém-aberta Bauhaus, em Weimar, na Alemanha. A Bauhaus tinha como objetivo eliminar a separação entre as disciplinas artísticas ao se voltar para o artesanato e criar, por meio de um design exemplar, novos objetos e espaços para uma sociedade futura mais humana e socialmente mais justa.

Klee era inexperiente como professor e em suas primeiras aulas passou de costas pela porta e sem olhar para os alunos, se virou para a lousa e começou a desenhar e falar. No primeiro semestre de 1921, ele ministrou “Prática de composição”, tema em que podia abordar questões sobre composição da imagem e dos elementos pictóricos a partir de seus próprios trabalhos. Com o tempo, passou a preparar suas aulas minuciosamente.

Seu curso de teoria da forma era obrigatório no ciclo básico, ao lado do curso sobre cores de Wassily Kandinsky (1866-1944) e do curso introdutório de Johannes Itten, mais tarde ministrado por Josef Albers (1888-1976).

3. “Riscado da lista”

Na década de 30, Paul Klee aceitou um convite da Academia de Artes de Düsseldorf para trabalhar em um ateliê na cidade. Dada a situação política efervescente, o artista foi atacado pelo jornal do partido nazista chamado Rote Erde, que o acusou de ser judeu na Galícia e teve a sua casa revistada. Em abril de 1933, ele foi dispensado de suas atividades na Academia para alguns meses depois fugir para Berna com a esposa Lily e o gato Bimbo.

Neste mesmo ano, pinta a tela “Riscado da Lista”, um rosto desfigurado com um X, o que expressa seu total descontentamento com a situação que vivia. Em 1937, participa da exposição “Arte Degenerada”, em que foram reunidos 650 trabalhos de arte moderna que tinham sido anteriormente confiscados de museus, classificados como “arte decadente judaica” e “monstruosidades da loucura, do atrevimento, da incapacidade e da degeneração”.

4. Paixão pelas cores em viagem à Tunísia

Depois de visitar Paris no início da década de 10 e conhecer Wassily Kandinsky e Franz Marc, do Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), do qual ele fez parte ao integrar uma mostra do grupo, Paul Klee viajou para a Tunísia, na África, em 1914. Junto com amigos – o suíço Louis Moilliet (1880-1962) e o alemão August Macke (1887-1962) -, o artista provoca uma grande transformação em sua produção e o desenvolvimento em direção ao campo de cor foi incrementado.

Em suas aquarelas, muitas produzidas localmente, o artista se concentrava em temas de paisagem e da arquitetura. Ele chamou os trabalhos, sob a luz ofuscante da África, de um instante de iluminação artística. “A cor me possui. Não preciso buscá-la. Ela me possui para sempre, sei disso. Eis o significado da hora da felicidade: eu e a cor somos um. Sou pintor”, diz.

Créditos: Divulgação / CCBB

5. O fascínio provocado por “Angelus Novus”

Admirador do trabalho de Paul Klee desde a década de 10, o filósofo Walter Benjamin (1892-1940) ganhou de sua mulher Dora, em 1920, a pintura “Vorführung des Wunders” (“A apresentação do milagre”, 1916). Alguns anos depois, Benjamin compra do galerista Hans Goltz, por 1000 francos, a obra “Angelus Novus”. O nome do desenho aquarelado (o original se encontra em Jerusalém) batiza a revista de crítica que ele pretendia dirigir em 1921. Desde então, o anjo será evocado regularmente em seus escritos e cartas.

O anjo recebe atenção especial depois que Benjamin o adquire. Em 1933, quando foi necessário se exilar, por conta da ascensão do nazismo, separa-se dele pela primeira vez. Em 1935, uma amiga o leva a seu encontro em Paris. Perseguido, tira o desenho da moldura e o coloca numa valise juntos aos escritos que queria salvar. Deixa textos e “Angelus Novus” com o escritor e filósofo Georges Bataille (1897-1962), que esconde o material até o final da Segunda Guerra Mundial. Com o suicídio de Benjamin em 1940, a obra é alvo de disputas até encontrar sua morada definitiva em Jerusalém, em 1972. Um fac-símile da obra “Angelus Novus” faz parte do acervo de mais de 120 obras que desembarcaram no Brasil para a exposição Paul Klee – Equilíbrio Instável.

6. A derradeira obra

A última fase criativa de Paul Klee foi marcada pelo seu estado de saúde muito precário. No final de 1935, o artista foi acometido pela esclerodermia, doença autoimune rara, que endurece os tecidos conjuntivos, a pele e os órgãos internos. Apesar disso, nos seus últimos anos de vida, produziu mais de 1.200 trabalhos. A derradeira obra foi pintada em 1940 e encontrada em seu cavalete sem ter sido nomeada – não deu tempo. Klee batizou todas as suas obras. Muitas vezes a relação entre o título e a imagem gera uma leitura irônica. O artista se considerava observador e seus títulos eram uma tentativa interpretativa do que estava sendo ou o que já havia sido produzido.

A obra sem título é uma síntese do trabalho do artista moderno, que nunca se enquadrou em nenhum movimento artístico: a tela apresenta traços do cubismo, do surrealismo, do abstracionismo e também do expressionismo. Disposta na ala das últimas obras produzidas pelo suíço, o óleo sobre tela mede 1m por 80,5 cm.

7. Os fantoches e a paixão por teatro

Paul Klee era fascinado pelo mundo do teatro e da ópera e frequentava espetáculos e apresentações circenses com regularidade. O universo das personagens o interessava e como observador atento, ele se divertia registrando criticamente as poses das pessoas ao seu redor, traduzindo-as para a linguagem visual das expressões faciais.

Entre 1915 e 1925, o artista produziu fantoches para o filho Felix Klee. Alguns correspondiam às personagens tradicionais do teatro popular de bonecos e outros eram inventados. Ele criava as cabeças e as roupas a partir de restos de tecidos velhos e materiais simples que ele encontrava em casa, como carreteis de linha, tomadas e ossos de boi fervidos. Deixava para o filho a tarefa de manipular os objetos, que entretinha a família e amigos com seu talento cômico. Mais tarde, Felix se tornaria diretor de ópera.

8. A música clássica como trilha sonora da vida

Paul Klee tocou violino. Criado em um ambiente em que a cultura fazia parte do cotidiano da família – o artista vivia cercado por estímulos. A avó materna despertou seu prazer pelo desenho. Ao mesmo tempo, o pai Hans Klee dava aulas de piano e órgão, além de canto e violino. Ao final do período escolar, não foi fácil para o jovem escolher sua profissão. Particularmente, ele pendia para a música, mas receava não ter o virtuosismo necessário para ser violinista.

Em uma das salas da exposição Paul Klee – Equilíbrio Instável, vê-se uma foto do jovem Klee tocando violino com outros músicos e a sala é sonorizada aos suaves acordes de Johann Sebastian Bach (1685-1750), Giuseppe Tartini (1692-1770), Joseph Haydn (1732-1809), Wolfgang Amadeus Mozart ( 1756-1791), Ludwig van Beethoven (1770-1827), Franz Schubert ( 1797-1828) e Max Reger (1873-1916).

9. Desenhos de infância

A avó Anna Catharina Rosina Frick despertou muito cedo em Paul Klee o prazer de desenhar e preservou o uso da mão esquerda pelo neto. Posteriormente, o artista definiu estes seus primeiros desenhos como ilustrações de cenas e contos fantásticos. Já adulto, em 1911, o artista decidiu organizar os seus trabalhos na forma de um catálogo manuscrito de obras, que abrangia retrospectivamente aquelas que correspondiam a suas exigências artísticas. Ele reconheceu em seus desenhos de infância – assim como em registros visuais arcaicos – uma naturalidade da expressão pictórica e da redução ao essencial que ele almejou em sua criação artística. Ciente disso, incluiu alguns destes desenhos de infância no seu catálogo de obras.

10. Quando o papel é a estrela do acervo

Paul Klee era um desenhista extremamente talentoso, que permaneceu fiel ao seu lema “nulla dies sine liena” (nenhum dia sem linha) durante a vida inteira. Cerca de 80% do que produziu foi registrado em papel e a mostra Paul Klee – Equilíbrio Instável apresenta uma grande quantidade de desenhos feitos pelo artista. Na seção Anjos, da mostra, há uma grande quantidade de exemplares de obras desenhadas. Em seus mundos imagéticos representados em múltiplas camadas, ele combinava diversas esferas de realidade e abstração. Dessa maneira, ele ampliava seu imaginário, abrigando também os mais diferentes tipos de criaturas. Desde 1920, o tema do anjo — figuras celestes aladas, de formas antropomórficas — aparece repetidas vezes em sua obra.

A partir de 1938, ele criou uma série avulsa de mais de 40 representações de anjos. Neles, o artista sobrepunha traços humanos e sobre-humanos, definindo-os nos títulos como inacabados, feios ou esquecidos. Nesse campo de transição existencial entre o humano e o sobrenatural, o estado angelical completo ainda não havia sido alcançado.

Serviço

Paul Klee – Equilíbrio Instável | Centro Cultural Banco do Brasil
Curadoria: Fabienne Eggelhöfer
CCBB São Paulo: 13/02/2019 a 29/04/2019
CCBB Rio de Janeiro: 15/05/2019 a 12/08/2019
CCBB Belo Horizonte: 28/08/2019 a 18/11/2019
Entrada gratuita.

Centro Cultural Banco do Brasil São Paulo

Rua Álvares Penteado, 112 – Centro, São Paulo, SP
Acesso ao calçadão pela estação São Bento do Metrô
(11) 3113-3651/3652 | Todos os dias, das  9h às 21h, exceto às terças
Acesso e facilidades para pessoas com deficiência | Ar-condicionado | Cafeteria e restaurante | Loja
Estacionamento conveniado: Estapar – Rua Santo Amaro, 272
Valor: R$ 15 pelo período de 5 horas (é necessário validar o ticket na bilheteria do CCBB)
Traslado gratuito até o CCBB. No trajeto de volta, a van tem parada na estação República do Metrô.

ccbbsp@bb.com.br | http://bb.com.br/cultura |

O Tempo Mata – Imagem em movimento na Julia Stoschek Collection


Créditos: Divulgação


O espaço Arte I, localizado no 5º andar da Unidade, exibe obras selecionadas de uma das mais importantes coleções globais de arte temporal iniciada em 2007 pela colecionadora que lhe dá nome e sediada em Berlim e Dusseldorf, na Alemanha. Com curadoria de Rodrigo Moura, a exposição e uma programação integrada de exibições reúnem trabalhos de 17 artistas, em filmes e vídeos, cobrindo mais de seis décadas de produção audiovisual, um panorama dos mais representativos desde que o suporte se insere como linguagem contundente no circuito da arte contemporânea. A mostra, com abertura para o público no dia 21 de março, terá duração de três meses.

Raça, cultura visual, identidade de gênero, o papel de artistas na sociedade e a circulação de imagens nos meios de comunicação são os temas que percorrem os trabalhos. Desta última questão surgiu o título da exposição, “O Tempo Mata” (Time Kills), extraído de uma das frases veiculadas por Chris Burden (Boston, 1946 – Canyon, EUA, 2015), em um de seus vídeos (1973-1977) que fazem parte de uma série de inserções comerciais criadas pelo artista e transmitidas em canais de televisão aberta, segundo ele para quebrar a hegemonia das emissoras e ao mesmo tempo fazer com que a arte alcançasse um público maior que o das instituições. Como aponta o curador, trata-se de um truísmo, uma frase que declara uma verdade incontestável, o tempo mata simplesmente porque ele passa, mas ainda assim a sentença serve para ativar outros sentidos no contexto da exposição. “Time-based art termo traduzido livremente aqui como ‘arte temporal’ são os trabalhos de arte produzidos em vídeo, filme, áudio ou tecnologias computadorizadas e que se apresentam ao espectador no tempo, tendo como dimensão principal a duração, e não o espaço”.

Na primeira parte da exposição, três salas do quinto andar apresentam três grandes instalações imersivas dos artistas Arthur Jafa (Tupelo, EUA, 1960 – vive em Los Angeles), Rachel Rose (Nova York, 1986 – vive em Nova York) e Monica Bonvicini (Veneza, 1965 – vive em Berlim).

Créditos: Divulgação

Jafa, segundo o curador, compõe uma colagem épica em torno da visualidade da cultura afro-estadunidense. O artista tem no cinema a origem de sua prática, já tendo colaborado como diretor de fotografia com os cineastas Spike Lee e Stanley Kubrick. Em APEX, 2013, compara a sua obra a um projeto utópico, relacionado ao Monumento a Terceira Internacional, de Tatlin, que nunca foi construído. Rose, artista que participou da 32ª Bienal Internacional de São Paulo, em Palisades in Palisades (Palisades em Palisades), 2014, visita seguidamente o parque Palisades, em Nova Jersey, fundado no século 19, como locação para o seu vídeo, onde desvela diferentes aspectos de sua história geológica e social. Bonvicini cria uma dupla projeção coreografada que articula noções como gênero e nostalgia em Destroy She Said (Destruir, diz ela), 1998 cujo título se refere ao filme e ao livro homônimo da escritora francesa Marguerite Duras.

Em torno desses espaços, nas áreas de circulação, outras obras estabelecem novas relações entre si. “Dois registros de performance dos anos 1970, de Eleanor Antin (Nova York, 1935 – vive em San Diego) e Hannah Wilke (Nova York, 1940 – Houston, 1993), ambos tendo a face das artistas como palco para acontecimentos complexos, são apresentados de frente um para o outro, num jogo de espelhamento”, explica Moura. Em The King (O Rei), 1972, Antin, tendo o feminismo como a sua principal interlocução, busca uma possível identidade masculina ao se transvestir usando uma barba, enquanto Wilke, em Gestures (Gestos), 1974, ao manipular seu próprio rosto, o transforma em matéria escultórica.

Em outras duas salas, artistas investigam o potencial de suas próprias imagens como fonte para a criação de suas obras. Em Lovely Andrea, (Amável Andrea), 2007, de Hito Steyerl (Munique, 1966 – vive em Berlim), obra comissionada pela documenta 12, o que parecia um ensaio autobiográfico, torna-se pretexto para uma série de associações inesperadas e abruptas entre imagens, dados e referências. Assim como Rachel Rose, Steyerl também participou da 32ª Bienal de São Paulo. Já Ryan Gander (Chester, 1976 – vive em Londres e Sufflolk) em seu Portrait of a Colour-Blind Artist Obscured by Flowers (Retrato de um artista daltônico obscurecido por flores), 2016, esconde atrás de aparente simplicidade um complexo jogo conceitual com a história da arte, o que envolve deslocá-la e repensá-la a partir de uma perspectiva lúdica e cáustica.

Por sua vez, as obras de Ulay (Solingen, Alemanha, 1943 – vive em Amsterdã) There is a Criminal Touch to Art, (Há um toque criminoso na arte), 1975–76, e de Lutz Bacher (vive em Nova York) James Dean, 1986 / 2014, tratam, respectivamente, de quadros roubados e fotografias apropriadas, dando novas conotações para ícones da história da arte e da cultura de massa.

No sexto andar, o curador explica que as projeções de Douglas Gordon (Glascow, Escócia, 1966 – Vive em Berlim) New Colour Empire (Novo Empire Cor), 2006–2010, e de Cyprien Gaillard (Paris, 1980 – vive em Berlim e Nova York), KOE, 2015, são apresentadas numa espécie de díptico, fazendo referência à paisagem de arquiteturas corporativas do entorno do edifício e revisitando o papel narcísico das imagens na construção dos ícones urbanos. Finalmente o vídeo Büsi, 2001, da dupla suíça Fischli & Weiss (Fischli, 1952, Weiss, 1946, ambos nascidos em Zurique) encerra as obras do circuito expositivo.

Completam O Tempo Mata quatro exibições públicas no térreo (Praça). São apresentações comentadas por críticos e curadores de filmes assinados pelos norte-americanos Barbara Hammer, nascida na Califórnia em 1939, pioneira do cinema queer; Charles Atlas, que ao chegar a Nova York, em 1970, desenvolveu com Merce Cunningham nova linguagem em filmes de dança e performances; Dan Graham, notabilizado por obras marcantes em torno da função social da arquitetura; e Jack Smith, falecido em 1989, um dos pioneiros do cinema underground.

Como programação integrada à exposição, o Sesc Avenida Paulista também realizará o curso “História da Videoarte”, com o artista Luiz Roque, que terá início em abril, e, em maio, a diretora de cinema Fernanda Pessoa ministra curso prático “Arqueologia de Imagens”, sobre como construir narrativas visuais a partir de arquivos imagéticos.

SERVIÇO

O Tempo Mata – Imagem em movimento na Julia Stoschek Collection

Quando: de 21 de março a 16 de junho de 2019

Horário: das 10h às 21h30 (terça a sábado), permanência até 22h; e das 10h às 18h30 (domingos e feriados), permanência até às 19h.

Local: Arte I (5º e 6º Andar)

Quanto: Grátis – entrada livre. Para agendamentos de grupos enviar solicitação para o e-mail agendamento@avenidapaulista.sescsp.org.br

Classificação: Livre

SESC AVENIDA PAULISTA

Avenida Paulista, 119, Bela Vista, São Paulo

Fone: (11) 3170-0800

Transporte Público: Estação Brigadeiro do Metrô – 350m

Horário de funcionamento da unidade:

Terça a sábado, das 10h às 22h.

Domingos e feriados, das 10h às 19h.

Horário de funcionamento da bilheteria:

Terça a sábado, das 10h às 21h30.

Domingos e feriados, das 10h às 18h30.

Site: http://sescsp.org.br/avenidapaulista

App Sesc Avenida Paulista: disponível para download gratuito em celulares e tablets no endereço sescsp.org.br/avenidapaulista