Dica do Feriado: Joaquim




Por colaboradora: Luci Cara

Na semana do feriado em homenagem a Tiradentes, Joaquim estreia com seu nome de batismo. Um título simples para nos fazer compreender o homem, antes do herói.

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A primeira cena mostra que o narrador é ele mesmo, um personagem real, trabalhador, que tinha suas paixões e seus sonhos, mas que não era tão importante em toda a engrenagem envolvida na exploração do ouro, e na revolta gerada pela retirada de praticamente toda a riqueza pela coroa portuguesa de nosso país. Que ele só se tornou importante por ser o único mártir.

A rotina dura das expedições em busca de ouro, em garimpos de rio, nos é mostrada, assim como a dos saqueadores, dos ladrões, dos ladrões de ladrões, dos subornados, dos promovidos a custa de suborno, entre outros.

Temos, ao assistir à película, um contato próximo com a realidade desses trabalhadores em sua rotina, além de conhecer as relações pessoais que se estabeleciam nesse emaranhado de portugueses, descendentes, índios e  negros. Brutal, na maioria do tempo.

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Um relato bastante impressionante, revelador. Para alguns, pode até se tornar chocante. Recomendadíssimo!

Resenha: Florbela – O Filme




Por colaboradora: Monise Rigamonti

Baseado em uma minissérie portuguesa de 3 capítulos chamada “Perdidamente Florbela”, o filme conta um recorte da vida da poetisa portuguesa Florbela Espanca (Dalila Carmo).

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Nascida em 8 de dezembro de 1894 em Portugal, é filha de mãe solteira, quando completa poucos anos de vida é tirada dos braços da mãe e levada para uma nova família, onde tem a oportunidade de estudar e se desenvolver na escrita. Durante a sua infância tinha uma relação muito próxima com seu irmão Apeles (Ivo Canelas), no qual manteve uma grande e intensa amizade durante toda a sua vida, beirando um amor fraternal. 

Notamos que no filme é contada a última parte de sua vida. Começamos com uma violenta separação – tanto no sentido moral quanto físico, do seu segundo marido, provocando uma não aceitação de seu pai e irmão. Acontece seu terceiro casamento com Mário Lage (Albano Jerônimo) e parte para uma cidade mais tranquila, onde passa a viver uma típica vida doméstica do qual seu processo criativo é completamente corrompido.

Foto: Divulgação

Para quebrar com a rotina, Florbela recebe uma carta do seu querido irmão Apeles pedindo desculpas e que ela fosse encontra-lo em Lisboa, onde retoma a sua vida social, vive novas experiências e acompanha as revoluções sociais da época. Porém seu marido vai atrás da sua presença e acontecem alguns conflitos na história, como um aborto espontâneo e a morte do seu irmão.

Com a morte do seu irmão, ela entra em um estado existencial de completa dor e loucura, chega até a ser internada por seu marido. Decide enfrentar esse luto e volta para a cidade onde nasceu e cresceu, buscando reencontrar a si mesma, e a lidar com os fantasmas do passado, que para a sua alma inquieta não obteve todas as respostas que procurava da vida.

Foto: Divulgação

Volta para a casa do seu marido procurando por abrigo e segurança, mas nunca se acostumara com a tranquilidade e com o barulho do mar. Justamente nessa fase, que em memória e em busca por recuperar o seu irmão de volta para si que acontece uma eclosão no seu processo artístico e ela volta a escrever ardentemente, retomando a grande e famosa poetisa que um dia havia se tornado. Grande parte das obras deste período são publicadas em memórias póstumas.
Espera-se mais do filme, os atores fazem uma ótima atuação, mas para quem conhece um pouco do trabalho da autora fica um vácuo, uma sensação de vazio, pois sua escrita é muito intensa e nos toca profundamente. Quem não conhece sua obra literária pode transmitir a sensação de ela ter tido alguma relação com seu irmão, o que não é verdade, havia entre eles apenas uma grande e intensa amizade. O enredo pode ser interpretado de forma dúbia, deixando lacunas que não são preenchidas.

Foto: Divulgação
De uma maneira geral foca-se mais no estilo de vida da personagem, e na representação desta personagem e desta mulher que fora a apaixonada e a apaixonante Florbela Espanca do que na sua produção literária. Sendo que para entender quem foi essa grande escritora em um sentido mais amplo é necessário se debruçar e apreciar a melodia de sua obra, permitindo a se tocar e a se emocionar com as palavras escritas e ditas por ela. Para quem conhece pelo menos uma parte da sua produção certamente se questionará sobre as escolhas das abordagens sobre a sua vida, e provavelmente sentirá a falta de uma maior evidência de sua obra, fica uma sensação de: é só isso? Sendo que Florbela pede mais, muito mais….

Ficha Técnica 
Título: Florbela 
Ano de lançamento: Portugal – 2012; Brasil – 2014
Direção: Vicente Alves do Ó
Duração: 119 minutos
Elenco: Dalila Carmo, Albano Jerónimo, Ivo Canelas e outros 
Gênero: Drama; biografia 
Nacionalidade: Portugal 

Resenha: A Cabana




 Por  colaborador Jurandir Vicari

Na última quinta, estreou o filme: A CABANA, estava ansioso pelo filme, porque adorei o livro. É sabido que o livro sempre é melhor que o filme, mesmo assim, criei minhas expectativas e não me decepcionei. O livro foi escrito por: William P. Young e apesar das críticas ferrenhas a “auto-ajuda” ele foi um sucesso absoluto de vendas, chegando a vender 18 milhões de exemplares.

Reprodução / Internet

Fica a dica: LEVE LENÇOS !!! Eu sou chorão por natureza, mas eu desafio a você sair do cinema sem chorar. E daria facilmente para trocar o título do longa pelo PODER DO PERDÃO, porque com certeza é a “moral” do longa.

O enredo, alterna suspense policial “barra pesada” com “comercial de margarina”, afinal ninguém tem uma família tão perfeita para chegar na PAZ de espirito, com uso de figurino, fotografia e cenários iluminados, cores pastel e natureza deslumbrante, e claro, muito simbolismo cristão e metáforas, acho que isso foi plágio da Bíblia…brincadeirinha, rs!

Reprodução / Internet

Quem for assistir, vá ciente de que é um filme para louvar e pregar, mas ele é HONESTO, você pode não engolir tudo que é oferecido e em momento algum você se sentirá manipulado.

Ponto positivo para a interpretação da atriz Octavia Spencer ! EXCELENTE ATRIZ ! Pela diversidade do elenco. E por um JESUS, mas próximo de como ele é ou deveria ser, em vez das pinturas renascentistas que vemos em todos os lugares. O Espirito Santo, ou Sarayu, sendo oriental, foi uma escolha corajosa e me agradou.

Ponto negativo: em alguns momentos o roteiro se arrasta e a péssima atuação do protagonista: Sam Worthington, me deu a impressão que a personagem não estava entendendo nada.

Reprodução / Internet

Eu recomendo ! Você tendo religião ou não, sendo cristão ou não, apenas para refletir sobre suas escolhas de vida ! E saber que palavras como GRATIDÃO, PERDÃO, FÉ, ficam melhores na vida do que nas hashtags.

Resenha: Uma Vida Boa




Por colaboradora: Nicole Gomez

O espetáculo Uma Vida Boa, com direção de Diogo Liberano e texto, impecávelmente escrito por Rafael Primot é, como algumas pessoas disseram na saída, “um soco no estômago”, uma lição de tolerância, retratada de forma fiel de como determinadas pessoas não conseguem se adequar à sociedade, simplesmente por não se sentirem “padrão”.

Foto: Renato Mangolin/Divulgação

Antes de tudo, é preciso entender que os nomes das personagens são propositalmente ocultados, o que cria a noção de que aquelas três pessoas são muitas outras, que passam pela mesma situação todos os dias.

B. é uma pessoa como várias que estão por aí dentro da sociedade, muitas vezes até mesmo escondidas, principalmente pelo medo de julgamento e lições de como deve seguir seu caminho. Deixa de viver com os pais assim que descobre que não atendeu às expectativas de sua mãe, que esperava criar uma “princesa”. B. tem outra forma de viver sua vida, assim, vai morar em outro lugar, em busca de sua liberdade.

Durante este processo, conhece J., uma figura machista e com uma forma meio torta de viver sua vida. J. apresenta B. a L., uma garota comum que curte sair, ama cantar e se apresentar em barzinhos. Os dois acabam vivendo uma linda história, que apesar de todos os preconceitos, ensina que o amor é capaz de combater toda a maldade que existe no mundo.

Foto: Renato Mangolin/Divulgação

Com muita delicadeza e sutileza, a obra dá ao espectador uma ideia de como é viver em um mundo onde não se é aceito como é, mostrando até mesmo algumas situações onde a personagem central sofre certos tipos de violência, verbal e física, mas de uma forma onde tudo se dá a entender, com movimentos corporais por parte dos atores de uma forma até mesmo coreografada.

A atriz Amanda Mirásci foi uma ótima surpresa. De forma até mesmo visceral, encarna B., e consegue passar as dores, as alegrias e os sofrimentos da personagem, fazendo com que o espectador se envolva e se sinta um pouco na pele da personagem. Está fazendo um trabalho incrível. Julianne Trevisol, que encarna L., retrata como uma pessoa se apaixona por outra independente do que saiba sobre ela, simplesmente acontece e permanece. Daniel Chagas, intérprete de J., uma figura bruta que também não é muito diferente do que frequentemente vemos por aí, mostra de uma forma muitas vezes incômoda, exatamente por ser tão real, até onde a intolerância pode ir.

Os três formam um envolvente time. É um espetáculo para quem está disposto a rever conceitos e quebrar tabus construídos por muitos e muitos anos.

Foto: Renato Mangolin/Divulgação

Serviço
Onde: Teatro Eva Herz – Livraria Cultura – Conjunto Nacional – Av. Paulista, 2073 – Bela Vista, São Paulo – SP, 01311-940
Quando: de 06 de abril a 26 de maio de 2017 
Ingressos: 
(11) 3170-4059 ou pelo site: http://bit.ly/umavidaboaSP

Dica de Filme: Além das Palavras




Por colaboradora: Luci Cara

A poetisa norte-americana Emily Dickinson nasceu em 1813. Época não favorável à sua paixão, ou à sua personalidade. Foi obrigada a deixar a escola religiosa por não abraçar a fé. E os seus milhares de poemas permaneceram espalhados: em sua casa, e nas cartas que trocava com seus amigos e conhecidos. Em vida teve publicados, em jornal, apenas cerca de dez deles.

Foto: Divulgação

Nessa belíssima obra cinematográfica, vemos retratadas sua devoção à Literatura, sua rotina pacata, suas paixões proibidas e ouvimos uma doce voz recitar suas emoções. 

Brilhante trabalho de tradução, seus poemas usam elementos do cotidiano para criar arte, a mais bela. Os atores se revesam interpretando a poetisa e seus irmãos em duas fases de suas vidas. 

Além das Palavras é um filme extremamente melancólico, para quem gosta de arte, para quem sente empatia pelo sofrimento alheio. É angustiante para quem precisa de muita ação, de euforia, de finais “felizes para sempre”.

Segue, para degustação, um poema que dá título (Não sou ninguém) à tradução de uma coletânea. Por Augusto de Campos, editora Unicamp:

I´m nobody

Are you-Nobody-too ?

Then there´s pair of us 

Don´t tell ! they´d advertise-you know!

How dreary -to be -Somebody!

How public-like a frog-

To tell one´s name-the livelong June-

To an admiring Bog!

Não sou Ninguém! Quem é você ?

Ninguém-Também ?

Então somos um par!

Não conte ! Podem espalhar!

Que triste-ser-Alguém!

Que pública-a Fama-

Dizer seu nome-como a Rã-

Para as palmas da Lama!

Resenha: Power Rangers




Por colaborador: Jurandir Vicari

POWER RANGERS é um “reboot”. O que é um “reboot”? é a tentativa de “modernizar” uma estória e apresentá-la, geralmente a uma geração mais jovem. Como eu não sou tão jovem assim e já sou fã da saga eu tinha meus receios quanto ao filme novo, mas estava totalmente enganado e ADOREI.

Foto: Divulgação

Lembrando que apesar de ser o terceiro filme, você tem que assistir pensando que é a primeira vez que vê os protetores da Alameda dos Anjos.

Me falaram que é um filme pra FÃ e eu concordo, mas quem não é fã também vai gostar. Quem já quis MORFAR vai se empolgar com as lutas, MEGAZORDS, os robôs gigantes, armaduras, armas, ZORDON, o androide tagarela ALPHA 5 e claro não poderiam faltar os vilões: RITA REPULSA, GOLDAR e o exército de bonecos de LAMA, que estão mais bombados na versão 2017. E vai ficar pior quando tocar GO GO POWER RANGER!!!

Março está sendo terrível para os preconceituosos que vão ao cinema, porque depois de ter uma personagem gay em A BELA E A FERA, também tem nesse longa. Sim, um dos Power Rangers é gay, e apesar da internet já ter revelado qual deles, eu não vou colocar spoiler aqui. ASSISTAM!

Ponto fraco: eu achei que faltou trilha sonora. Trata-se de um longa, cujo público alvo são os adolescentes, então poderia ter sido melhor explorada a trilha sonora, quem sabe com artistas teens atuais, apesar de que com certeza não iriam superar Sandy e Junior que já cantaram as aventuras dos heróis multicoloridos.

Ponto forte: O aprofundamento da personalidade das personagens. Não é só chegar, morfar, bater no vilão esperar ele crescer e chamar os Megazords, dessa vez, conhecemos a fundo os dramas dos protagonistas, suas qualidades e defeitos e o porquê de cada um se tornar um Power Ranger, e o mesmo vale para os coadjuvantes e vilões.