Atenção! Contém spoilers!
A terceira temporada da série 3%, veiculada na plataforma de streaming Netflix, começa mostrando a que veio. Com produção impecável e trabalho de elenco ainda melhor do que nas temporadas anteriores, a trama começa mostrando como estão os nossos protagonistas mais queridos, na nova fase da história, dentro da Concha.
Idealizado e erguido por Michele (Bianca Comparato), como vimos na temporada anterior, o lugar funciona com muita organização e, inicialmente, diferente do Maralto, sem Processo algum. Quem necessitasse, poderia entrar na Concha e começar a colaborar com o funcionamento. Esta era a única condição. Todos ali tinham alguma função. Mas as coisas mudam após uma tempestade de areia, que, entre outros prejuízos, prejudica o recebimento de água por parte do local, ocasionando diversos outros problemas, como a escassez de comida e da própria água.
Isso faz com que Michele tome uma decisão: fazer seu próprio Processo, dentro da Concha. Com população reduzida e ganhando muitos inimigos, ela se vê em uma espécie de julgamento, promovido por Glória (Cynthia Senek), até então sua aliada. Durante a decisão, que iria determinar o fim de Michele, Joana (Vaneza Oliveira) e Rafael (Rodolfo Valente), com ajuda de outros colegas de Concha, descobrem que a escassez de provisões se deu por conta de um boicote por parte do Maralto, arquitetado de uma forma que Rafael tivesse sua mente “tomada” pela voz de Marcela (Laila Garin), mãe de Marco.
Em uma virada impressionante, a máscara da vilã cai, fazendo com que muitos outros segredos venham à tona, para o público. Podemos ver, por exemplo, que Glória fez parte de tudo desde o começo, com intuito de derrubar Michele e entregar a Concha para o Maralto, seu grande sonho desde o começo.
Vale destacar a participação especial de Ney Matogrosso, que interpreta o avô de Marco, pai de Marcela. A partir do personagem, mais sobre a história do intrigante personagem (vivido por Rafael Lozano) é destrinchada, mostrando inclusive alguns dos motivos que fazem com que ele tome determinadas atitudes. O filho de Marco também aparece, mais crescido e sob os cuidados do pai. Graças a ele, Marco acaba mudando de lado no final da temporada, pensando no bem estar da criança, dentro da Concha. Pode-se dizer que a mudança de postura de Marco, assim como novos fatos sobre sua família, são o ponto alto da temporada. Marco, com tantos altos e baixos, teve o destaque merecido e a interpretação de Rafael Lozano, digna de aplausos.
Novos personagens também chegam à trama: Xavier (Fernando Rubro), um simpático morador da Concha, é um deles. Sempre muito animado e confiante no local, ele é uma das pessoas mais leves, em meio a tantos problemas. Sempre com alto astral, ele tenta resolver os percalços que todos enfrentam.
Outro ponto intrigante da trama foi ver como ficou o personagem Rafael, após sua saída do Maralto. Alcoólatra e sem perspectivas de sucesso, o ex-soldado, cujo nome, descobrimos na temporada anterior, é Tiago, vive jogado pelos cantos da Concha e é constante alvo de pessoas que pedem por sua expulsão. Todo o drama que Tiago passa, após ter de lidar com a responsabilidade de ter tirado Elisa (Thaís Lago) do Maralto para viver com ele na Concha, é impecavelmente retratado por Rodolfo Valente.
Apesar de tantas explicações, alguns mistérios ainda ficam no ar: a 3ª temporada mostra que o Casal Fundador do Maralto teve uma filha, que precisou ser levada para o Continente, após a decisão de que não caberiam mais crianças no local. Com isso, a então menina precisou passar pelo Processo, deixando no ar a dúvida: será que ela passou? Será que ainda existem herdeiros do Casal Fundador entre os moradores do Maralto, e até da Concha? Talvez uma nova temporada explique essas dúvidas.
“3%” faz parte do Catálogo da Netflix.